Cartas ao director

Cães nos restaurantes

Portugal é, mesmo, um país sui generis – e não apenas por ser o único no mundo com um jogador de futebol no seu panteão nacional… Agora, são os nossos parlamentares supostamente proprietários de cães que – abusando oportunisticamente do seu estatuto – impõem a permissão de entrada dos canídeos nos restaurantes. Não, seguramente, para benefício dos próprios animais, mas, unicamente, por comodismo egoísta dos seus donos. Deputados insensíveis aos sérios problemas que, irresponsavelmente, fomentariam – não só de saúde e higiene, mas também propiciadores de um ambiente intranquilo e desconfortável nas salas, de pavor para quem já foi atacado ou ferido por cães, de proliferação de ruídos, dejectos e odores intoleráveis e de constantes situações de conflitualidade entre clientes. Com consequências obviamente negativas para os próprios restaurantes.

César Faustino, Cascais

 

Pescadinha de rabo na boca

O nosso sistema democrático chegou a um impasse. 0s seus actores repetem-se e a sua incompetência surge à evidência, começa a ouvir-se um clamor de "O Rei vai nu". Esse clamor iniciou-se com as tragédias dos incêndios deste Verão; uma clique partidária, manifestamente incompetente provocou a morte de 100 cidadãos!

A democracia pode ser isso, uma democracia com "d" pequeno, em que os cidadãos votam no seu partido de quatro em quatro anos e deixam aos militantes dos mesmos a tarefa (que eles agradecem) de nos governar; não haveria grande problema se essa irmandade de cerca de 200.000 militantes partidários fossem a nata da sociedade, mas o problema é que não são, são um rebanho de yes men que não contrariam os chefes e, chegando o partido ao poder, estão disponíveis para ocupar cargos para os quais não têm a mínima competência e, aí, quando postos à prova, os desastres ocorrem...

 

A reforma do nosso sistema democrático é urgente, porque o seu descrédito poderá levar a algo que ninguém deseja, ou seja, o falhanço da democracia e o alvor de uma ditadura. Os sinais deste pântano democrático continuam aí: o PPD/PSD em tempo de renovação tem como candidatos à sua liderança um dinossauro autárquico e um globetrotter da política; o PS, perante a demissão de uma senhora que poderia ter competência para tudo menos para ministra da Administração Interna, o seu sucessor é um amigo do primeiro-ministro, militante do PS e, ao que parece, do tema também nada percebe....

Enquanto os partidos, organizações fundamentais de qualquer sistema democrático, não se abrirem à sociedade civil, continuaremos entregues a este bando de gente maioritariamente incompetente.

Ezequiel Neves, Lisboa

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