Morreu George Young, o irmão mais velho, o mentor dos AC/DC

Considerado um dos músicos mais importantes da história do rock australiano, atingiu sucesso glocal nos anos 1960 com os Easybeats e foi produtor da banda dos irmãos mais novos, Angus e Malcolm Young. Morreu aos 70 anos.

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Os Easybeats, a banda de George Young (em baixo, à direita) nos anos 1960 DR

Claro que foi muito mais fácil crescendo ao lado de um irmão mais velho impecavelmente cool e conhecedor de toda a pop e de todo o rock’n’roll. Um irmão mais velho que, para além disso, era ele mesmo uma estrela a sério, daquelas com singles e álbuns editados, concertos na terra mas também em lugares distantes e sabe-se lá quantos muitos milhares de discos vendidos. Claro que foi mais fácil para Angus e Malcolm crescerem ao lado de George Young, o irmão mais velho que foi membro dos Easybeats, primeira banda rock’n’roll australiana de sucesso global, que chamou depois disso os dois irmãos a juntarem-se-lhe numa banda de estúdio, os Marcus Hook Roll Band, e que, posteriormente, os guiou durante os anos formadores dos AC/DC, recomendando Bon Scott como vocalista e produzindo álbuns como T.N.T., High Voltage ou Dirty Deeds Done Dirt Cheap, entre outros.

Na hora da sua morte, aos 70 anos, na madrugada desta segunda-feira, é isso mesmo que reconhece o grupo australiano. “É com dor no coração que anunciamos a morte do nosso amado irmão e mentor, George Young. Sem a sua ajuda e orientação, nunca teriam existido uns AC/DC”, escreveu a banda na sua conta de Facebook.

Nascido em Glasgow, Escócia, a 6 de Novembro de 1946, George Young emigrou para a Austrália com os pais e os dois irmãos, Angus e Malcolm, em 1963. Foi em Sidney, num hotel de acolhimento para imigrantes, que encontrou o guitarrista holandês Harry Vanda, que se tornaria o seu grande parceiro musical. Juntamente com o vocalista Stevie Wright, formaria os Easybeats, a primeira grande banda rock’n’roll australiana, tão hábil na abordagem à ferocidade rhythm’n’blues como na criação de canções pop. Se She’s so fine, por exemplo, se mantém hoje como tema clássico para os entusiastas do garage rock, Friday on my mind foi um sucesso global à época (1966), chegou a ser alvo de versão assinada David Bowie no álbum Pin Ups, e atravessou os tempos como um standard incólume à passagem dos anos.

George Young, guitarrista e co-compositor da maior parte das canções dos Easybeats, passou para os bastidores quando a banda se separou em 1970. Em parceria com Harry Vanda, dedicou-se à composição e à produção de canções para outros músicos. É deles Love is in the air, que, cantada por John Paul Young, se tornou um sucesso mundial em 1978 (duas décadas depois, Clemente faria grande sucesso com uma versão portuguesa da canção, Sinto amor no ar).

Ao mesmo tempo, Young produzia bandas de relevo na cena rock’n’roll australiana que despontava no final dos anos 1970, como os Rose Tattoo – ou como os AC/DC, onde encontrávamos os dois jovens irmãos que cresceram com o “velho” George como modelo.

George Young foi uma figura maior da história do rock australiano: a revista Australian Musician, da Associação de Músicos Australianos, escreveu em 2007 que o encontro de George e Harry Vanda no hotel de Sidney, no início dos anos 1960, foi o acontecimento mais importante na história do rock e da pop do país. George Young chegou a ser baixista dos AC/DC numa fase embrionária da banda. Produziu-os pela última vez em Stiff Upper Lip, álbum editado em 2000.

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