Oficiais das Forças Armadas têm "dúvidas" sobre gestão dos meios aéreos

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António Mota, o primeiro à esquerda nesta foto de 2015 com os órgãos sociais da AOFA Rui Gaudencio

A Associação dos Oficiais Forças Armadas (AOFA) considera  que as medidas de apoio às vitimas dos incêndios, anunciadas no sábado pelo Governo, são "extremamente positivas", mas tem "dúvidas" sobre a gestão dos meios aéreos, que o executivo pretende entregar à Força Áerea, destacando que faltam efectivos para as missões.

Para o presidente da AOFA, coronel António Mota, em primeiro lugar é necessário perceber "se apenas a gestão [dos meios aéreos públicos] passa a ser feita pela Força Aérea, ou a gestão e a operação", uma vez que a Autoridade Nacional de Protecção Civil também tem meios aéreos.

A associação tem também dúvidas quanto à passagem para a Força Aérea da gestão dos contratos privados com as empresas que detêm meios aéreos: "Nem nos quer passar pela cabeça que nesse aspecto em concreto, que é o aspecto mais sensível de tudo isto, se está exclusivamente a passar a batata quente da gestão para a Força Aérea", afirmou António Mota.

Outra das preocupações da AOFA é a falta de meios humanos "em quantidade" e em "qualidade", ou seja, "de pessoas devidamente formadas, para fazerem face a estas novas missões", acrescentou o militar.

"Só se podem formar pessoas quando elas existem e as forças armadas estão muitíssimo abaixo do número de efectivos que é necessário para o cumprimento das missões que já hoje têm", reforçou o presidente da AOFA.

António Mota defende que o reforço do regimento de emergência militar é positivo, mas disse ter "sérias dúvidas" quanto à sua eficácia, devido à escassez de efectivos.

Há ainda que reforçar os orçamentos das forças armadas, numa altura que está em discussão no parlamento a proposta de Orçamento do Estado para 2018, defendeu, acrescentando que as medidas têm de ser aplicadas "no imediato" e não "daqui a um mês ou dois".

O primeiro-ministro, António Costa anunciou no sábado que, na prevenção e combate a incêndios, as Forças Armadas vão ter um papel reforçado no apoio de emergência, ao nível do patrulhamento, e caberá à Força Aérea a gestão e operação dos meios aéreos.

Segundo o primeiro-ministro, haverá "um papel alargado" das Forças Armadas no que concerne "ao apoio militar de emergência ao nível do patrulhamento, nas acções de rescaldo, na parte logística, no auxílio junto das populações e, ainda, no que respeita às capacidades no apoio ao processo de decisão".

António Costa frisou que a Força Aérea "ficará com a gestão e operação dos meios aéreos de combate aos incêndios florestais".

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