Vocês sabem quem ele é

O grande desafio que se coloca a Pedro Santana Lopes ou a Rui Rio, caso pretendam liderar um futuro governo, é unir a direita.

Ele chama-se Pedro Santana Lopes e nunca deixou de andar por aí. A apresentação da sua candidatura à liderança do PSD foi o que se esperava, um one man show em plena campanha eleitoral, a disparar em todos os sentidos, com um pé no passado e a tentar posicionar o outro no futuro. Pedro Santana Lopes foi directo e cáustico nas críticas ao seu principal opositor nas directas, acusando Rui Rio de “patrocinar outros movimentos” contra o próprio partido, numa alusão ao apoio que o ex-presidente da Câmara do Porto prestou a Rui Moreira há quatro anos, e de faltar a congressos para “não ofuscar”. Para além de uma eventual concordância na celebração de pactos de regime, as semelhanças entre os dois candidatos são meras coincidências.

Obviamente, falou de Marcelo Rebelo de Sousa de forma agridoce, por nem sempre ter a devida distância para com o Governo, mas reconhecendo que o Presidente não deve ser a oposição ao executivo, mas sim a voz da “consciência nacional, como foi agora o caso”. E, por fim, não poupou a “geringonça”.

É natural que Pedro Santana Lopes não goste da palavra, que até ganhou uma valorização semântica no jargão político como solução bem menos tumultuosa do que as expectativas mais diabólicas do líder demissionário do PSD faziam prever. É natural que ninguém no PSD aprecie a fórmula parlamentar que o equilibrista António Costa, como lhe chamou Vicente Jorge Silva, engendrou para nos governar. Santana Lopes propõe-se construir uma alternativa a essa “frente de esquerda” e, embora ainda não possua um programa, enumerou áreas que considera prioritárias, que de algum modo decorrem da sua actividade como provedor da Santa Casa da Misericórdia: atenção aos mais idosos, aos cuidados paliativos e a preocupação com a desertificação, ao mesmo tempo que ambiciona ser o “porta-voz das novas gerações, dos novos talentos, dos quadros”. Uma espécie de “consciência nacional” na cartilha de Marcelo?

O principal desafio do futuro líder do PSD não se limita a vencer as directas e a unir o partido. O grande desafio que se coloca a Pedro Santana Lopes ou a Rui Rio, caso pretendam liderar um futuro governo, é unir a direita. Como vimos nas últimas legislativas, não basta ganhar uma eleição, como muito bem sabe Pedro Passos Coelho. Conseguirá a direita unir-se e obter uma maioria parlamentar sólida para criar uma outra “geringonça” ou uma “frente de direita”? Aceitam-se apostas.

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