Cartas ao director

A humildade e a responsabilidade que se exige

Após a declaração ao país do Presidente da Republica do dia 16 deste mês de Outubro e do “puxão de orelhas” dado ao governo, só foi pena que não tivesse, desde já, aproveitado a ocasião para alertar para as possíveis cheias que se aproximam e para a necessidade de prevenir desde já - e se calhar já tarde demais – os seus efeitos devastadores que se adivinham.

De facto, passada esta calamidade dos fogos aproxima-se uma outra calamidade que também é cíclica no nosso país. Há que perguntar desde já às autarquias locais e ao governo o que foi feito e o que se está a fazer para minimizar os seus efeitos. Do meu conhecimento pouco ou nada se fez, mais uma vez ao arrepio do que se promete todos os anos depois de elas acontecerem. Vamos ter assim um Inverno provavelmente cheio de manchetes de desgraças e, de novo, o mesmo discurso desresponsabilizante da Proteção Civil e a mesma falta de humildade democrática dos mais altos responsáveis.

O Presidente ao enviar esta reprimenda dura e justa ao governo podia-se ter lembrado do que pode aí vir no Inverno, mas, por certo, estará no seu pensamento dizê-lo noutra ocasião. Com as vertentes dos montes e serras despidos de árvores e vegetação, seria premente que os poderes públicos começassem desde já a prever e prevenir possíveis derrocadas em zonas habitacionais e tudo o que dai poderá advir. Infelizmente, e oxalá eu me engane, nada será feito, como de costume, e choraremos lágrimas inúteis e hipócritas depois de tudo acontecer.
José Carlos Palha, Vila Nova de Gaia

 

Urge desmascarar incendiários

 

Ouvi dizer num noticiário televisivo que Bruxelas considera Portugal mal preparado para o combate aos fogos florestais, ao contrário de Espanha. E eu pergunto-me: será que um bom combate a fogos de grandes dimensões pressupõe uma fila humana, de balde de água, passando de mão em mão,como aconteceu agora na Galiza? Isso é que é estar bem preparado? Se na Espanha a área ardida é muito inferior à de Portugal, é porque eles não têm lá incendiários portugueses, todos os anos que, sempre que o calor aperta, e, sobretudo quando está vento, entram em acção.

A tónica continua a ser posta no reordenamento florestal, na falta de limpeza das matas, na plantação desta ou daquela espécie, mas nunca, ou quase nunca, no desmascarar dos interessados no fogo posto. É que, por muito ordenada que a floresta esteja, ela irá sempre arder se as avionetas continuarem a sobrevoá-la, pela calada da noite, atirando bombas incendiárias lá para baixo.

Será que ninguém se preocupa com isso? Ou será que é isso mesmo que se pretende?

Filipa de Campos

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