Se o mundo quer guerra, The Walking Dead volta com guerra

Série mais vista em Portugal estreia-se com 100.º episódio. "Estamos a dizer muitas coisas interessantes sobre a irrelevância do tribalismo”, defende Andrew Lincoln; "quem somos?”, pergunta-se Danai Gurira.

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A série mais vista em Portugal regressa segunda-feira à Fox e chega em apoteose de aniversário: é o 100.º episódio. E também um teste.

Os críticos já viram o episódio que este domingo passa nos EUA e segunda-feira à noite se estreia na Fox às 22h15 e o balanço é sobretudo positivo. Se The Walking Dead continua no trono em Portugal, por exemplo, os seus números e a exasperação de alguns espectadores fizeram-lhe mossa na última temporada. Agora, numa altura em que a intriga atravessa a história All Out War dos comics que lhe dão origem, até de leituras políticas os actores falam.

“Honestamente, hoje nos Estados Unidos, há algumas partes daquilo com que lidamos que parecem, para muitos de nós, as circunstâncias mais terríveis. Todos os dias olhamos para várias coisas e dizemos: ‘É isto que somos? É assim que reagimos a tiroteios? É assim que reagimos a marchas da alt-right? É assim que reagimos às alterações climáticas? Quem somos?'”, pergunta-se Danai Gurira, ou Michonne para os fãs. A série é sobre como lidamos com obstáculos e contratempos – “quem é que vamos ser agora?”, rematou em declarações ao Washington Post.

Andrew Lincoln, ou o protagonista Rick Grimes, evoca outra imagem. “No nível humano, penso que estamos a dizer muitas coisas interessantes sobre a irrelevância do tribalismo”, explica ao mesmo jornal, num evento onde os adereços da série foram musealizados, integrados na colecção do Museu Nacional Smithsonian de História Americana. “No fim de contas, quando ficamos sem nada, quem é que quer saber da cor, credo, género?”

Isto é o que The Walking Dead sempre quis ser – uma metáfora. Mas a série do canal AMC, que em Portugal está com a Fox, tem sido também entretenimento e um exemplo de práticas narrativas que tudo arriscam. E uma campeã de audiências, um êxito-surpresa que sofreu revezes na segunda temporada e, mais recentemente, na sexta e sétimas temporadas. Entre o raro cliffhanger de há um ano, actualmente só comparável aos produzidos por A Guerra dos Tronos, e o final da temporada em que se perdeu Sasha (Sonequa Martin-Green), a série perdeu cerca de seis milhões de espectadores.

Agora, a produção parece estar a pôr a carne toda no assador – uma expressão algo tétrica quando se fala num império erguido sobre mortos-vivos e putrefacção moral, mas que tem um papel real no insuflar do império Walking Dead com novo ar. Depois de, durante três anos, ter afastado a ideia de que a sua prequela televisiva, Fear the Walking Dead, teria contacto com a série-mãe, o próprio Robert Kirkman admitiu na semana passada na ComicCon de Nova Iorque que poderá haver um cruzamento entre as séries. Num país e num mundo beligerantes, os grupos de Walking Dead partem para a guerra mas vão conviver mais – no fundo, haverá menos episódios centrados num só grupo de personagens, diz o argumenista Scott M. Gimple.

Ou, no fim de contas, no regresso de The Walking Dead há três coisas com que contar: o vilão Negan (Jeffrey Dean Morgan), um tigre e uma previsível cena-espectáculo com zombies. 

A rubrica Televisão encontra-se publicada no P2, caderno de domingo do PÚBLICO

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