Bacelar de Vasconcelos debaixo de fogo dos procuradores

Apresentação de livro de Sócrates por parte de presidente da primeira comissão parlamentar suscita apreensões. Deputado diz não reconhecer legitimidade aos sindicatos para interferirem na sua vida privada.

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Daniel Rocha

O presidente do Sindicato de Magistrados do Ministério Público, António Ventinhas, não viu com bons olhos o facto de ter sido o deputado Pedro Bacelar de Vasconcelos a apresentar o mais recente livro de José Sócrates há uma semana, um ensaio sobre os drones e o terrorismo.

É que o deputado preside, no Parlamento, à Comissão de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias, onde dentro em breve será discutido o novo estatuto profissional destes magistrados. António Ventinhas diz-se preocupado com o facto de o parlamentar socialista se ter “associado a uma pessoa que quer destruir o Ministério Público”, numa altura em que a autonomia dos procuradores pode sofrer alterações por via do estatuto. Bacelar de Vasconcelos mostra-se surpreendido perante aquilo que classifica como “apreensões fantasiosas e despropositadas”.

“Fiz isso no quadro da minha vida privada"

“Fiz isso no quadro da minha vida privada, e não reconheço legitimidade às associações sindicais para interferirem nela”, reage, explicando que há mais de dez anos que se pronuncia publicamente sobre as matérias referidas no livro. “O que é que a apresentação desta obra tem a ver com a autonomia do Ministério Público?”, interroga, para dar logo de seguida a resposta: “Rigorosamente nada”. Por fim, Bacelar de Vasconcelos recorda que Sócrates “goza de presunção de inocência até haver uma decisão final”.

No passado sábado, durante a apresentação do livro, o ex-primeiro-ministro escolheu-o para fazer uma piada relacionada com a Operação Marquês: “Olha, não tenho a certeza se não entraste agora numa lista muito selecta daqueles que são suspeitos de terem escrito o livro do Sócrates. Como se sabe, se há um livro do Sócrates há alguém que o escreveu por ele.”

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