OMS nomeia Mugabe "embaixador da boa-vontade" em escolha polémica

Robert Mugabe terá como missão principal promover o combate das doenças não transmissíveis em todo o continente africano, anunciou o director da Organização Mundial de Saúde.

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LUSA/FEDERICO ANFITTI

Aos 93 anos, o Presidente do Zimbabwe, Robert Mugabe, acaba de ser nomeado “embaixador da boa-vontade” da Organização Mundial de Saúde (OMS). Uma escolha que está a motivar críticas um pouco por todo o mundo, nomeadamente de responsáveis de várias organizações de direitos humanos e de líderes da oposição do país africano, que a classificaram como um "insulto".

“É uma honra anunciar que o Presidente Mugabe aceitou [ser embaixador da OMS]”, anunciou neste sábado o etíope Tedros Adhanom Ghebreyesus, eleito director-geral desta agência das Nações Unidas, em Maio.

Ghebreyesus especificou que Robert Mugabe terá como missão promover o combate das doenças não transmissíveis em todo o continente africano e explicou que o convidou para este cargo porque o Zimbabwe é um país que “coloca o acesso universal aos cuidados de saúde e promoção da saúde no centro das suas políticas”.

A escolha do ditador – que desde 1980 lidera o Zimbabwe e tem sido alvo de inúmeras sanções internacionais por violação dos direitos humanos e por corrupção e fraude – está a ser fortemente contestada.

Ian Levine, director-executivo para os programas da Human Rights Watch,  classificou esta nomeação como “embaraçosa” para a OMS e o “doutor Tedros”. E o responsável da organização UN Watch, Hillel Neuer, criticou igualmente com dureza a escolha do presidente do Zimbabwe para este cargo na OMS. “O governo de Robert Mugabe atacou com brutalidade activistas de direitos humanos e dissidentes democráticos”, recordou, citado pela Reuters.

Também o porta-voz do maior partido da oposição no Zimbabwe, o MDC, não poupou nas críticas, enfatizando que esta nomeação é "para rir"."O sistema de saúde do Zimbabué está num estado caótico. Isto é um insulto. Mugabe destruiu o nosso sistema de saúde, deixou que os nossos hospitais públicos colapsassem e agora, quando ele ou a família dele têm de fazer tratamentos, vão para fora, para Singapura”, acusou Obert Gutu, citado pelo The Guardian.

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