O fogo chegou como uma guerra. E desta vez venceu

Os destroços continuam por todo o lado, as pessoas ainda se perguntam o que vão fazer a seguir.

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Cinco dias depois ainda há pouco mais que desolação. Em Tondela ou Oliveira do Hospital, os destroços continuam por todo o lado, as pessoas ainda se perguntam o que vão fazer a seguir. Como vão recomeçar, agora, que a casa ardeu, com toda a vida lá dentro. Como vão voltar a ter verde para onde olhar e árvores saudáveis que voltem a dar o rendimento de que tantos precisavam. Como vão reerguer a fábrica que parecia tão segura, na zona industrial sem vegetação pelo meio e que, afinal, desapareceu, como se fosse nada. Foi isso que descobriu Joaquim Guerra, prestes a fazer 80 anos, quando chegou à sua fábrica de passamanarias e sirgaria, na segunda-feira. “Não há um parafuso que se aproveite. Está tudo calcinado. As paredes ruíram. A matéria-prima desapareceu toda. Nem tenho um papel”, contava, na terça-feira de manhã, o empresário ao presidente da Câmara de Oliveira do Hospital, José Carlos Alexandrino.  O filho e a nora de Joaquim Guerra aparecem nestas imagens, entre os escombros da fábrica que, dizia o velho empresário, lhe “custou muito a criar”. Tem os ombros descaídos, o olhar perdido, mas foi à câmara saber o que se pode fazer. Que apoios haverá para os cerca de 50 funcionários. E a fábrica reergue-se? Ele diz que não sabe. Naquele momento, está demasiado desalentado para tomar decisões. E é impossível não sentir o desalento olhando o resultado da guerra travada pelo fogo de domingo. Ou contando o número de mortos que não tem parado de subir: 44. Mas também é bom que se olhe o resultado dessa batalha ganha, desta vez, pelas chamas. Bem de frente e nos olhos. Que se olhe para cada uma destas imagens e se perceba que a batalha perdeu-se, mas a guerra não acabou. Para que, da próxima vez que o fogo chegar, ele já não possa vencer. Patrícia Carvalho