Dirigentes da UE cortam fundos de pré-adesão à Turquia

Sem suspender negociações com Ancara, Conselho Europeu mostra cartão vermelho a Erdogan.

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Multiplicam-se as denúncias de violações de direitos humanos e do Estado de direito após o golpe contra Erdogan de 2016 TOLGA BOZOGLU/EPA

Os dirigentes europeus decidiram “reorientar” parte dos fundos de adesão destinados à Turquia, embora sem suspender as negociações para a adesão deste país à UE, aliviando ligeiramente os procedimentos para a concessão de vistos aos cidadãos turcos.

Esta decisão salomónica, que gerou muita polémica no Conselho Europeu, deve-se à relação cada vez mais difícil da UE com o seu parceiro estratégico, agravada pelas denúncias de inúmeras violações de direitos civis e direitos humanos do aparelho estatal após o golpe de Estado falhado de Julho de 2016. Mas a UE não pode também dar-se ao luxo de cortar relações com o país do Presidente Recep Erdogan, com quem estabeleceu um acordo vital para manter milhões de refugiados do Médio Oriente fora das suas fronteiras.

Alguns países, como a Áustria, gostariam de encerrar definitivamente as negociações de adesão da Turquia à UE, paralisadas há anos. O compromisso encontrado foi cortar, ou canalizar para outros fins, 4,4 mil milhões de euros dos chamados fundos de pré-adesão que deveriam ser pagos a Ancara de 2014 a 2020, e dois quais apenas 368 milhões tinham sido até agora entregues à Turquia. “Mantemos a porta aberta a Ancara, mas a realidade actual no país está a tornar as coisas difíceis”, disse o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk.

A provar a posição dos líderes europeus, e para envenenar ainda mais as relações com Ankara, um dia antes da cimeira foi detido Osman Kavala, um empresário e mecenas das artes turco, bem conhecido em Paris, alvo do que se diz ser “uma investigação secreta”, ao aterrar em Istambul.  

“A Turquia está muito longe da adesão à UE e continuará assim”, disse o primeiro-ministro holandês Mark Rutte.

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