Ultra-ortodoxos protestam em “dia de raiva” em Israel

Acção após detenções de estudantes de Yeshivas por recusarem serviço militar obrigatório

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Manifestantes bloqueiam estrada perto de Jerusalém AMMAR AWAD/Reuters

Dezenas de judeus ultra-ortodoxos iniciaram protestos de um “dia de raiva” em Israel, após dois dias de manifestações. O movimento, auto-intitulado “facção Jerusalém”, protesta contra a detenção de dois estudantes de uma escola religiosa por não terem comparecido a uma convocatória para o serviço militar obrigatório.

Os dois estudantes foram condenados a 20 dias de prisão num estabelecimento militar. Depois disso, centenas de pessoas bloquearam estradas por todo o país, seguindo o rabi Shmuel Auerbach, que apelou a uma mobilização generalizada.

Os protestos dos últimos dias foram marcados por violência e dezenas de manifestantes foram detidos.

“As massas não vão ficar quietas até à revogação do decreto que está sobre a cabeça dos estudantes das yeshivas seja retirado”, disse o grupo numa declaração, antecipando uma manifestação “enorme e tempestuosa”.

Os estudantes das escolas religiosas (yeshivas) foram, durante anos, isentos do serviço militar obrigatório, uma excepção muito debatida. O serviço militar obrigatório para a maioria judaica de Israel (árabes israelitas e drusos não servem) é visto como essencial para a protecção de um Estado numa região hostil e ainda uma experiência de igualdade social.

O Supremo Tribunal decidiu no mês passado que esta excepção é inconstitucional, mas deu uma janela ao Governo para decidir novas regras (como possibilidade de conceder adiamentos).

Os ultra-ortodoxos opõem-se a integrar o exército por várias razões, invocando a importância dos estudos religiosos para o país e alguns, mais radicais, alegando mesmo que o Estado de Israel, e assim o seu Exército, não deveriam existir antes do regresso do Messias.

A política de excepção data de uma decisão do fundador do Estado de Israel, David Ben-Gurion, em 1949, quando 400 estudantes ficaram isentos do serviço militar – na altura, tratava-se de um esforço para recuperar a tradição das yeshivas, quase destruída durante o Holocausto.

Mas a situação é hoje radicalmente diferente, com o rápido crescimento da comunidade, que tende a ter grandes famílias, e que corresponde actualmente a 10% da população de Israel.

O Governo tem agora de aprovar uma lei que regule a questão: este é mais um problema político para Benjamin Netanyahu, cuja coligação depende do apoio de partidos ultra-ortodoxos.

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