CP suprimiu mais de 500 comboios na linha do Oeste desde o início do ano

AMT diz que está a recolher informação “para aferir o nível de qualidade do serviço prestado”.

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rui Gaudencio

Automotoras velhas que avariam e falta de pessoal para as reparar levam a que desde o princípio do ano tenham vindo a ser suprimidos na linha do Oeste uma média de 1,8 comboios por dia. O número de circulações que não se realizaram já ultrapassou as 500 pois, segundo a CP, até Setembro estavam contabilizados 490 comboios suprimidos, das quais 308 em todo o percurso e 182 numa parte do seu trajecto.

A maioria das supressões ocorrem no troço entre Malveira, Torres Vedras e Caldas da Rainha e em muitas casos a CP não disponibiliza serviço rodoviário alternativo. Frequentemente os passageiros ficam nas estações e apeadeiros, sem qualquer informação, à espera de um comboio que não chega.

Dez meses depois do início deste problema, para o qual a própria transportadora pública admite não ter encontrado soluções, a AMT (Autoridade da Mobilidade e dos Transportes), enquanto órgão fiscalizador, diz que “foram solicitadas informações à CP, nomeadamente sobre as respostas dadas aos [passageiros] reclamantes”. Aquela entidade acrescenta que “foi também recolhida informação diversa para aferir o nível de qualidade de serviço prestado por aquela entidade”, encontrando-se presentemente “a avaliar a informação recolhida e a necessidade de obtenção de informação adicional”.

Por seu lado, a CP disse ao PÚBLICO que desde Setembro reforçou a frota da linha do Oeste com mais uma unidade diesel, vinda do Douro após o pico da procura de Verão naquela linha, esperando alocar ainda mais uma automotora no curto prazo.

A empresa, contudo, admite que o problema estrutural se mantém: o material circulante está envelhecido e ultrapassou há muito o seu prazo de vida útil. Por isso, avaria com frequência e as limitações financeiras impostas pela tutela impedem a contratação de pessoal para a EMEF – Empresa de Manutenção de Equipamento Ferroviário, que assim não consegue responder aos pedidos de reparação.

As supressões de comboios acarretam ainda outras despesas: a CP admite que já gastou cerca de 34 mil euros no aluguer de autocarros para fazer transbordos e 19500 euros de taxa de uso por comboios que não efectuou. É que a IP (antiga Refer) cobra portagem ferroviária pela utilização prevista na sua infraestruturas mesmo quando os comboios programados não circulam.

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