Receitas da TAP foram revistas em alta para 1309 milhões

Não foram dadas explicações para a alteração, que fez subir em 55 milhões os proveitos do primeiro semestre.

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Daniel Rocha

A Parpública, holding estatal onde estão concentrados os 50% do capital que o Estado detém na TAP, fez uma revisão em alta dos proveitos da companhia aérea referentes ao primeiro semestre. Numa primeira fase, dava conta de proveitos no valor de 1254,3 milhões de euros, entre Janeiro e Junho (uma subida de 11,3% a face a idêntico período de 2016).

No entanto, a Parpública veio emendar as contas. De acordo com os valores reexpressos, dos quais a holding do Estado deu nota através de uma adenda ao relatório e contas, a subida afinal foi de 26%, para 1309,2 milhões de euros (o ritmo de subida foi também influenciado pela revisão em baixa dos proveitos do primeiro semestre de 2016). Ou seja, a alteração dá conta de mais 55 milhões de euros nos proveitos da TAP em relação aos primeiros seis meses deste ano.    

A correcção foi feita sem explicações por parte da Parpública e, questionada, a TAP remeteu-se ao silêncio. Já ao nível do resultado líquido, esse manteve-se inalterado, e negativo, em 52 milhões de euros, o que representa um ligeiro agravamento (mais 3,2%, ou 1,6 milhões de euros) face a idêntico período do ano passado.

Ao PÚBLICO, fonte oficial já afirmou que “o facto de os resultados do primeiro semestre se encontrarem em linha com os do ano passado é particularmente encorajador para a expectativa de resultados do ano, atendendo ao previsto para o semestre”.

Esta quinta-feira, o administrador e accionista da TAP, David Neeleman, veio afirmar, que a dívida de 600 milhões de euros da empresa começará a ser abatida em Novembro de 2018, com o pagamento de 10 milhões de euros mensais. “Estamos melhor, mas temos que ficar bem melhor até Novembro que vem [2018]”, afirmou o empresário, citado pela Lusa, num pequeno-almoço/debate organizado pela Câmara de Comércio Luso-Britânico.

Defendeu depois que a empresa poderá dar lucro em breve, mas realçou, segundo a Lusa, a dificuldade de aumentar a receita da TAP quando o aeroporto de Lisboa só disponibiliza uma pista e não acompanha o crescimento de 25% da empresa. “Também temos de baixar custos e ser mais eficientes", , acrescentou.

David Neeleman faz parte do consórcio Atlantic Gateway que, por sua vez, com Humberto Pedrosa e os chineses do grupo HNA (sócios da Azul), detém 45% da TAP. Os outros 50% do capital social estão nas mãos do Estado e 5% com os trabalhadores.

Sobre a permanência de Fernando Pinto na companhia, e ainda de acordo com a Lusa, Neeleman respondeu esta quinta-feira que, a querer aquele responsável manter-se, "há sempre um lugar na TAP”. Instado a esclarecer se essa continuidade será na presidência executiva, o empresário notou que essa é uma decisão dos accionistas, repetindo que “vai ter sempre lugar na TAP”.

No final de Agosto, Trey Urbahn, ex-administrador executivo da TAP e ligado a Neeleman,  afirmou à FlightGlobal que Antonoaldo Neves, ex-CEO da Azul (companhia área brasileira fundada por Neeleman) e actual gestor executivo transportadora portuguesa, é “o sucessor lógico” de Fernando Pinto. Em Março do próximo ano, quando se realizar a assembleia geral da TAP, ver-se-á se Fernando Pinto cumpre mais um mandato ou se a entrada do ex-CEO da Azul foi feita a pensar na mudança de cadeiras.

A Azul, com a qual a TAP tem feito negócios ao nível das aeronaves, está a preparar uma joint -venture com a transportadora aérea portuguesa para explorar melhor as ligações entre Portugal e o Brasil, e posiciona-se para ser também accionista da TAP através da conversão de obrigações em acções.

Esta quinta-feira de manhã, a Associação Peço a Palavra (que foi formada para contestar a privatização da empresa) tinha uma reunião com o secretário de Estado das Infra-estruturas, Guilherme W. d’Oliveira Martins, para denunciar o que diz ser o “aproveitamento dos novos donos da TAP dos recursos da empresa, em benefício da companhia aérea brasileira Azul, propriedade de David Neeleman”.

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