PCP e PEV recusam alinhar em "manobras parlamentares"

Comunistas dizem que a "dimensão da tragédia" exige políticas e não que sirvam "manobras parlamentares".

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Jerónimo de Sousa, líder do PCP LUSA/ANTÓNIO PEDRO SANTOS

O PCP reagiu na noite desta terça-feira à comunicação do Presidente da República ao país, deixando claro que está disponível para debater políticas "de fundo", mas que não está disposto a alinhar em "manobras parlamentares", numa clara referência à moção de censura apresentada pelo CDS.

Numa nota enviada às redacções, como reacção ao discurso de Marcelo Rebelo de Sousa, o PCP escreve que "a dimensão da tragédia exige a adopção de medidas imediatas e políticas de fundo que dêem resposta a esses problemas e não que eles sejam utilizados como pretexto para manobras parlamentares que visam apenas objectivos políticos e partidários". 

Esta posição do PCP é importante para clarificar o que se passará no Parlamento nos próximos tempos e também responde de imediato ao repto que Marcelo deixou ao pedir à Assembleia da República que aproveite a moção de censura do CDS para clarificar se quer ou não apoiar o Governo. “Esperemos que a mesma Assembleia da República soberanamente clarifique se quer ou não manter em funções o Governo. Condição essencial para, em caso de resposta negativa, se evitar um equívoco, e de resposta positiva reforçar o mandato para as reformas inadiáveis”, disse Marcelo.

Ora os comunistas não falham o alvo de sempre e, na mesma nota, dizem que "a dimensão da tragédia traduz dramaticamente os problemas da floresta acumulados por décadas de política de direita de governos PSD, CDS e PS".

Também o PEV se refere ao acumular de problemas na floresta e lembra que o partido tem a defesa da floresta como "absoluta prioridade política, desde sempre". É por isso que não concordam com o Presidente quando Marcelo disse que "se houver margens orçamentais, que se dê prioridade à reforma da floresta e à prevenção dos fogos". "Não se trata, na perspectiva do PEV, de saber se há margem orçamental – a questão está mesmo em criar a margem orçamental necessária para dar prioridade à floresta!", escrevem.

Se o PCP usa a expressão "manobras parlamentares", o PEV usa "exercícios de estratégia partidária". Dúvidas houvesse do que pretende o partido fazer sobre outro tipo de iniciativas que não sejam propostas de políticas para resolver o problema, nesta nota d'Os Verdes, esclarecem de pronto que não acompanharão esse tipo de iniciativas, onde se deve inserir a moção de censura do CDS. "Os Verdes acompanharão todas as propostas que, de forma séria e construtiva, contribuam para resolver os problemas da floresta e distanciar-nos-emos daquelas que não passam de meros exercícios de estratégia partidária", escrevem.

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