Costa admite erros na tragédia e garante respostas no sábado

Nas próximas duas semanas ficará concluído o rastreio aos danos nos concelhos afectados. Costa diz que "concorreu tudo" para que a tragédia acontecesse.

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LUSA/PAULO NOVAIS

Depois de uma comunicação ao país mais virada para o futuro, António Costa, que ontem visitou algumas zonas afectadas, admitiu que houve erros que levaram à tragédia e prometeu acções em duas frentes: no combate aos incêndios garantiu que houve um reforço dos meios aéreos; nas respostas às populações diz que vai ser feito um levantamento nas próximas duas semanas.

"Concorreu tudo. Os relatórios são claros nessa matéria. Mas o que temos são sobretudo problemas estruturais. Em catástrofes desta dimensão, tudo contribui", disse Costa ontem de manhã à saída de uma visita ao Hospital de Coimbra, quando questionado sobre se as mudanças na estrutura da Autoridade Nacional da Protecção Civil tinham contribuído para o que aconteceu.

Aí mesmo, referiu que houve um reforço dos meios aéreos tendo em conta o que estava previsto: “Ordenei que se pudesse reforçar os meios aéreos", disse. Em causa estava a reposta à notícia do PÚBLICO na edição de ontem que revelava que a não extensão de dois contratos com empresas privadas fez com que 29 meios aéreos deixassem de poder ser utilizados.

À tarde, em Oliveira do Hospital, o primeiro-ministro virou atenções para o que vai fazer a seguir. "O que aconteceu neste domingo não tem paralelo" no que toca à dimensão dos danos materiais. António Costa afirmou que ficou definido o plano de trabalho para que, "nas próximas duas semanas", seja feito "o levantamento integral dos danos que existem", de forma a poder "começar a responder" aos problemas causados pela destruição dos incêndios.

Ainda não há valores definitivos para a extensão dos danos causados pelas chamas, as mesmas que causaram 41 mortos em vários concelhos do Centro do país. Sobre a possibilidade de as contas da recuperação destes territórios ter um impacto no défice, Costa disse que esse "é um problema que não se coloca". Depois de uma primeira reunião com autarcas, o primeiro-ministro afirmou ainda que "há uma estimativa" feita pelos presidentes de câmara.

Ao início da tarde já se tinha encontrado na Lousã com outro grupo de autarcas de outros dos concelhos mais afectados da região. Os encontros serviram para "começar a fazer um levantamento dos danos" para elaborar uma "estratégia de reconstrução", disse o primeiro-ministro. "Agora há que arregaçar as mangas", sublinhou Costa, sendo que o mais urgente é repor linhas comunicação, de água e electricidade nos locais onde estes estão a falhar.

Nesse sentido, vários responsáveis governamentais vão iniciar visitas às áreas mais afectadas. Os ministros adjunto, do Trabalho, da Agricultura e do Planeamento e Infraestruturas vão passar pelos distritos da Guarda, Castelo Branco, Viseu e Leiria nos próximos dias.

Pouco depois de António Costa sair de Oliveira do Hospital, chegou Marcelo Rebelo de Sousa. Não se cruzaram. A visita aos municípios foi "articulada" com o Presidente da República, garante o primeiro-ministro, que se reúne manhã com o chefe de Estado.

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