Prejuízos do Haitong Bank continuam a derrapar e já vão nos 110 milhões

O herdeiro do BES Investimento, comprado pelos chineses, não se liberta dos maus resultados. António Domingues, presidente da Caixa durante poucos meses, deverá integrar a equipa de gestão, como não executivo.

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Hiroki Miyazato já terminou o seu mandato como chairman do Haitong Rui Gaudencio / Publico

O Haitong Bank, antigo BESI, deverá revelar prejuízos trimestrais superiores a 100 milhões de euros, o que traduz um agravamento em torno de 30 milhões em relação ao apurado no primeiro semestre de 2017. Entretanto, António Domingues, o ex-presidente da CGD, já confirmou que aceitou integrar a administração não executiva do banco, que está há cerca de um ano a negociar com o Banco de Portugal a recomposição dos corpos sociais.

Depois de, nos primeiros seis meses de 2017, o Haitong Bank ter apresentado prejuízos de 79,8 milhões de euros (valor que foi de 20 milhões no período homólogo), no trimestre seguinte os resultados negativos voltaram a derrapar agora para cerca de 110 milhões de euros, apurou o PÚBLICO.

Entretanto, na última sexta-feira, o Jornal Económico avançou que a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML) contratou o Haitong Bank para a assessorar na operação de aquisição de uma participação no Montepio.

Quando em Agosto divulgou as contas semestrais, o Haitong Bank justificou o aumento dos prejuízos com uma quebra de 45% do produto bancário, que passou, nos primeiros seis meses do ano, de 66 milhões de euros para 36 milhões. E ainda pelo disparar dos custos operacionais, por efeito do plano de reestruturação imposto pelo Banco de Portugal (a factura foi de 35 milhões). Os custos com pessoal (como seja o pagamento das indemnizações aos trabalhadores que rescindiram) dispararam 24%, para 60 milhões de euros.

Em Junho, no quadro da sua reorganização interna, o Haitong anunciou que o accionista chinês se comprometera a reforçar os seus capitais em 419 milhões de euros para fazer face aos prejuízos. O que significa que o Haitong Securities, que em 2015 adquiriu o BESI ao Novo Banco (ex-BES) por 379 milhões de euros, terá investido na instituição quase 800 milhões de euros.

Entretanto, o BdP continua a acompanhar o processo (que está atrasado) de recomposição dos seus órgãos sociais da instituição, onde exige uma maioria de gestores independentes. O chairman já foi encontrado. Lin Yong foi recrutado ao Haitong em Hong Kong, onde exercia o lugar de presidente.

Já a cadeira do presidente da Comissão Executiva do banco com sede em Lisboa continua vazia. O nome que tem sido referido para CEO é o de Hu Min, de 41 anos, especialista em mercados financeiros, mas que integra uma lista de administradores ainda sob avaliação do supervisor. Quem já aceitou integrar a administração não executiva foi António Domingues, como já foi noticiado e confirmado agora pelo PÚBLICO. O ex- vice presidente do BPI e ex-presidente da CGD (cujo registo de idoneidade foi dado no contexto da CGD) é actualmente gestor da operadora Nos e vice-presidente (não executivo) do Banco de Fomento de Angola (a parceria do BPI, agora minoritário, com a Unitel, do grupo de Isabel dos Santos).

Neste momento, o Haitong está a ser gerido por cinco administradores que terminaram, em 2016, os seus mandatos: Hiroki Miyazato; Mo Yiu Poon, Alan Fernandes, Christian Minzolini e Paulo Martins.

Fonte oficial do Haitong, interrogada sobre os atrasos na divulgação dos nomes que vão integrar os novos órgãos sociais, assim como sobre o facto de ter chegado ao BdP a informação de que os prejuízos do banco no terceiro trimestre terão rondado os 110 milhões de euros, respondeu: “O Haitong Bank tem o dever de sigilo sobre eventuais documentos e processos em análise pelo Banco de Portugal.”

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