Duelo de gigantes nas balizas de Turim

Rui Patrício e Gianluigi Buffon encontram-se pela primeira vez nos palcos internacionais, numa partida inédita nas competições europeias

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O consagrado Buffon vai receber Rui Patrício em Turim Reuters/John Sibley

As exibições de Rui Patrício no Euro 2016 não passaram desapercebidas a um dos grandes nomes da história do futebol italiano e mundial. No final da competição que o dono das redes do Sporting ajudou a conquistar para Portugal, sendo distinguido pela UEFA como o melhor guarda-redes do torneio, Dino Zoff, antigo campeão europeu e mundial pelos transalpinos, arriscou uma apreciação: “Por ser um guarda-redes tão tranquilo, acho que tem coisas que fazem lembrar Gianluigi Buffon.” A comparação pode parecer exagerada, quando no outro prato da balança está aquele que para muitos é considerado o melhor de sempre. Esta noite, os dois vão encontrar-se pela primeira vez como adversários e será altura para Zoff comprovar o que viu no Verão do ano passado.

A lenda de Buffon começou a ser escrita a 19 de Novembro de 1995, quando se estreou profissionalmente, com apenas 17 anos, ao serviço do Parma, clube onde fez toda a sua formação e permaneceu até rumar à Juventus em 2001. Neste mesmo dia de Novembro, mas em 2006, Rui Patrício estreava-se na formação principal do Sporting, com 18 anos. Titulares indiscutíveis e fenómenos de longevidade nos seus clubes, os dois guarda-redes assumiram também o protagonismo nas respectivas selecções.

Se os números de Buffon impressionam e o colocam num patamar estratosférico, entre os melhores guarda-redes de sempre, os de Patrício também não são exactamente modestos, tendo em conta que conta menos 11 anos de carreira em relação ao italiano. O “capitão” da Juventus irá disputar esta quarta-feira o 815.º encontro com a camisola da formação de Turim, que veste há 17 épocas. Já o “capitão” do Sporting irá cumprir o 424.º jogo em 12 anos com o “leão” ao peito.

Mais impressionante é o registo do transalpino na selecção: 173 internacionalizações, que são um recorde (para muitos imbatível) em Itália. Soma mais 105 encontros (68) do que o dono das redes portuguesas, que ocupa a terceira posição entre os guarda-redes mais internacionais da equipa nacional, apenas atrás de Vítor Baía (80) e Ricardo (79), mas com legítimas aspirações de chegar ao primeiro lugar do ranking.

“Não existem muitos guarda-redes com as suas capacidades. Só depende dele [Patrício] para chegar ao nível de Buffon”, comentou Zoff em Julho do ano passado. Apesar dos elogios, a montra do Euro 2016 não foi suficiente para Rui Patrício, agora com 29 anos, dar o salto para outro patamar competitivo que não o português. Uma má notícia para os cofres “leoninos”, mas com óbvios retornos em termos competitivos.

E neste regresso à Liga dos Campeões o Sporting pode juntar estas duas valências. Um bom resultado em Turim passará muito por Rui Patrício e uma boa campanha do português e dos lisboetas poderá finalmente abrir as bolsas de alguns colossos europeus que ainda têm reservas acerca da qualidade do internacional.

Já Buffon não necessita provar nada a ninguém. Aos 39 anos, mantém-se insubstituível na baliza da Juventus, onde tudo fez por justificar cada um dos cerca de 45 milhões de euros que a “vecchia signora” desembolsou para o resgatar ao Parma há 17 anos. Uma verba que ainda hoje é um recorde mundial para a transferência de um guarda-redes.

Tal como Rui Patrício e Buffon, também o Sporting nunca havia defrontado a Juventus até hoje, apesar do longo historial dos dois clubes nas competições europeias. Na Liga dos Campeões, os hexacampeões italianos não perdem em casa desde 10 de Abril de 2013. No total são 19 partidas de invencibilidade, onde somaram 12 triunfos e sete empates. Mas, apesar deste registo, esta poderá ser a melhor altura para os lisboetas forçarem a sua sorte em Turim, beneficiando de algum efeito do recente desaire do seu adversário frente à Lazio. Sofreram uma derrota por 2-1, interrompendo um ciclo de 40 partidas sem perder em casa.

E para aumentar o optimismo dos “leões”, no seu banco está um treinador que já soube bater o pé à Juventus. Ao serviço do Benfica, Jorge Jesus afastou os italianos na Liga Europa na temporada de 2013-14, abrindo caminho para uma final que os “encarnados” haveriam de perder com o Chelsea. Para tal valeu um triunfo no Estádio da Luz, por 2-1, e um empate em Turim a zero. Poderá fazer melhor agora?

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