António Costa fala em "danos materiais sem paralelo"

O primeiro-ministro reuniu-se, esta terça-feira, com autarcas dos concelhos mais afectados pelos incêndios para definir plano de trabalho. Nas próximas duas semanas vai ser feito um levantamento integral dos estragos.

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António Costa em Oliveira do Hospital LUSA/PAULO NOVAIS

"O que aconteceu neste domingo não tem paralelo" no que toca à dimensão dos danos materiais. Foi assim que António Costa descreveu o impacto das chamas na região Centro, no dia em que se encontrou com vários autarcas para avaliar a dimensão dos estragos. 

O chefe de Governo falava aos jornalistas após a segunda reunião do dia com autarcas da região, em Oliveira do Hospital. Ali, acompanhado pelo ministro do Planeamento e Infraestruturas, Pedro Marques, e do secretário de Estado da  Administração Interna, Jorge Gomes, António Costa reuniu-se com presidentes de Oliveira do Hospital, Santa Comba Dão, Tábua e Mortágua.

António Costa afirma que ficou definido o plano de trabalho para que, "nas próximas duas semanas" seja feito "o levantamento integral dos danos que existem", de forma a poder "começar a responder" aos problemas causados pela destruição dos incêndios. Ainda não há valores definitivos para a extensão dos danos causados pelas chamas, as mesmas que causaram 41 mortos em vários concelhos do centro do país.

Sobre a possibilidade de as contas da recuperação destes territórios terem um impacto no défice, Costa disse que esse "é um problema que não se coloca". Depois de ouvir os autarcas, o primeiro-ministro afirmou ainda que "há uma estimativa" feita pelos presidentes de câmara, mas não refere que "não há um levantamento rigoroso".

Isto numa altura em que o número de vítimas mortais ainda não estava fechado. Entre a entrada e a saída de Costa dos paços do concelho de Oliveira do Hospital, a Autoridade Nacional da Protecção Civil confirmou mais cinco mortos.

Ao início da tarde já se tinha encontrado na Lousã com outro grupo de autarcas de outros dos concelhos mais afectados da região, como Penacova, Lousã, Arganil, Pampilhosa da Serra e Vila Nova de Poiares. A presidente da Comissão de Cooperação e Desenvolvimento da Região Centro também esteve presente. 

Os encontros serviram para "começar a fazer um levantamento dos danos" para elaborar uma "estratégia de reconstrução", disse o primeiro ministro. "Agora há que arregaçar as mangas", sublinhou Costa, sendo que o mais urgente é repor linhas comunicação, de água e electricidade nos locais onde estes estão a falhar. Nesse sentido, vários responsáveis governamentais vão iniciar visitas às àreas mais afectadas. Os ministros adjunto, do Trabalho, da Agricultura e do Planeamento e Infraestruturas vão passar pelos distritos da Guarda, Castelo Branco, Viseu e Leiria nos próximos dias.

O CDS já anunciou que vai apresentar uma moção de censura. A resposta de António Costa? "Faz parte da normalidade democrática". O primeiro-ministro referiu que a "legitimidade do governo resulta da Assembleia da República", pelo que,"é perante a AR que tem que responder".

O primeiro-ministro voltou a sublinhar a reforma florestal que foi aprovada na AR, em Julho e as recomendações da comissão técnica independente que o governo vai "transformar em medidas e em acção" no conselho de ministros do próximo sábado. 

Questionado pelos jornalistas, o governante não quis falar em pedidos de desculpas. António Costa prefere concentrar-se "em fazer o que é essencial", ou seja, no trabalho com autarcas e populações para "reconstruir os territórios". No rol de preocupações mais imediatas cabe a reconstrução de habitações, a reposição de rendimentos dos trabalhos que viram as infraestruturas que lhe davam emprego arder e a reposição da capacidade produtiva. 

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