Líder do PSD-Porto apoia Santana Lopes nas directas

Formalmente, a maior distrital do partido não vai apoiar nenhum dos candidatos, mas Bragança Fernandes assumiu já o apoio ao provedor da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa.

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Bragança Fernandes surpreendeu o partido ao apoiar Santana Lopes Nelson Garrido

A entrada de Pedro Santana Lopes na corrida à liderança do PSD está a agitar as águas sociais-democratas no Porto. Bragança Fernandes, que preside à maior distrital do partido, já fez a sua escolha e, curiosamente, o seu voto não vai para o ex-presidente da Câmara do Porto, Rui Rio, que também está na corrida, mas sim para o provedor da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML). Mas Bragança não foi o único a declarar o seu apoio a Santana Lopes.

O dirigente social-democrata escolheu a reunião da comissão política alargada do partido, que decorreu na noite de segunda-feira, no Porto, para fazer aprovar um documento no qual a distrital, enquanto estrutura, declara que não toma posição formal sobre a disputa interna para a liderança do partido.

A designação "PPD/PSD" usada por Bragança Fernandes para se referir ao partido – a mesma que Pedro Santana Lopes utiliza quando fala do PSD - surpreendeu algumas das pessoas presentes na reunião e houve mesmo um deputado, Paulo Rios de Oliveira, que interrompeu a intervenção do líder para perguntar: “O PSD agora passa a chamar-se 'PPD/PSD'? É uma moda nova?” Alguém se apressou a responder-lhe: “É assim que está no Tribunal Constitucional”. “Então, se é assim que está no Tribunal Constitucional, vamos ter de mudar o timbrado do PSD-Porto”, atirou o deputado sentado no fundo da sala, acrescentando: “Há 30 anos que ando nisto e nunca tinha dado conta que o PSD se chamava 'PPD/PSD'”.

Foi então que o ex-presidente da Câmara do Marco de Canaveses, Manuel Moreira, tomou a palavra para explicar como se passou do PPD para PSD.

Terminada a leitura do documento da distrital – o texto foi posto à votação, tendo sido aprovado por unanimidade (os deputados não têm direito a voto) – , Bragança despe o fato de líder da distrital e revela que, enquanto "cidadão", vai apoiar Santana Lopes nas eleições directas de Janeiro. Mas a noite tinha outra surpresa reservada: o deputado, líder da concelhia de Valongo e vice-presidente da distrital, Miguel Santos, muito próximo de Marco António Costa, anunciou também que, enquanto militante, a título individual, iria apoiar o ex-primeiro-ministro e ex-autarca de Lisboa para presidente dos sociais-democratas.

Na ala estavam vários deputados e alguns já manifestaram o seu apoio a Rui Rio. Firmino Pereira era um destes e marcou presença na primeira fila. Ontem, em declarações ao PÚBLICO, o deputado, que já liderou a concelhia social-democrata de Gaia, pronunciou-se sobre aqueles que declararam o apoio a Santana. “Conheço o pensamento dessas pessoas. Quando Pedro Santana Lopes concorreu à liderança do partido, essas pessoas estavam em campos opostos”, aponta, questionando as “afinidades” que as ligam ao antigo líder social-democrata.

“Vejo com muita preocupação que militantes e dirigentes que não têm qualquer afinidade, nem pessoal nem politica, com Santana Lopes estejam neste momento a apoiá-lo. Interpreto essa atitude como uma postura anti-Rui Rio”, observa o deputado, vincando que os dirigentes que estão a apoiar o provedor da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa “estão mais preocupados com o seu futuro político do que com o futuro do país”.

Apoiante do antigo presidente da Câmara do Porto, o deputado deixa um voto de confiança. “Acredito na inteligência dos militantes do PSD e nas directas de Janeiro de 2018 vão poder optar por dois projectos diferentes: ou apostam em Rui Rio como um líder forte, com posições politicas claras a pensar no país;ou apostam em Santana Lopes que poderá ser um líder que não vai potenciar o resultado que o PSD ambiciona nas legislativas de 2019”.

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