Novo kit pode diagnosticar depressão com análise ao sangue

Investigadores portugueses que criaram o kit de diagnóstico venceram o concurso BfK IDEAS 2017 e têm financiamento do programa NORTE2020

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Jon Eric Marababol/Unsplash

Uma equipa do Instituto de Inovação em Saúde (i3S) que está a desenvolver um kit para permitir diagnosticar e melhorar a monotorização da depressão através de uma análise ao sangue venceu o BfK IDEAS 2017.

O kit está a ser desenvolvido por uma equipa de três investigadoras do i3S — Maria Inês Almeida, Susana Santos e Inês Alencastre — e dois elementos da Unidade de Transferência de Tecnologia do Instituto — Sofia Esteves e Bárbara Macedo —, designada MyRNA Diagnostics, e resultou de uma colaboração entre o i3S e uma equipa de médicos psiquiatras da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP).

Tendo em conta que o diagnóstico da depressão é actualmente baseado em entrevistas clínicas e não existem testes complementares de diagnóstico que possam ser aplicados como rotina na clínica, a equipa apresentou uma ideia de negócio baseada num kit destinado a diagnosticar a depressão através de uma análise ao sangue. A ideia tem sido desenvolvida no âmbito de uma colaboração entre o grupo Microenvironments for New Therapies do i3S-INEB, liderado por Mário Barbosa, e uma equipa de médicos psiquiatras da FMUP, liderada por Rui Coelho.

Este projecto é financiado pelo programa NORTE2020 e conta com a colaboração do Centro Hospitalar do Tâmega e Sousa. "Os prestadores de cuidados de saúde mental sentem necessidade de utilização de métodos sensíveis e específicos para melhorar a percentagem de pacientes com depressão (superior a 300 milhões em todo o mundo) que recebem tratamento eficaz (inferir a 50%)", sublinha a equipa.

De acordo com os investigadores, o projecto "detecta e quantifica um painel específico de biomarcadores moleculares numa amostra de sangue, o que permite um diagnóstico quantitativo e uma melhor monotorização da doença". "Os resultados do nosso produto são analisados por um algoritmo e serão fornecidos dentro de 24 a 48h após a colheita de sangue. A solução permite aos clínicos basear as decisões terapêuticas num teste biológico quantificável, diminuindo a prescrição excessiva, melhorando a precisão do diagnóstico e permitindo a monitorização da doença durante a terapêutica", explicam.

Para a equipa MyRNA Diagnostics, o facto de o projecto ter sido distinguido com o primeiro prémio do BfK IDEAS 2017 significa "um apoio crucial" para "fazer chegar este produto até ao mercado e aos que mais precisam, que são os pacientes". "Este prémio é um incentivo para continuarmos a trabalhar nesta ideia com toda a convicção de que faremos a diferença para os clínicos e para os doentes que sofrem de depressão", sublinham, acrescentando que, "além de ser uma honra e uma excelente motivação para continuar, permitirá sem dúvida o arranque do projecto através dos serviços especializados de consultoria e propriedade intelectual".

A missão do Programa Born From Knowledge (BfK) é promover, divulgar e premiar a produção de conhecimento e inovação em Portugal, dando visibilidade ao investimento em ciência e ao seu impacto económico e social. Para além do acesso a um programa de aceleração em ciência e tecnologia, os vencedores do concurso BfK IDEAS 2017 irão usufruir do serviço de diagnóstico de Propriedade Industrial ao projecto, com o apoio da Patentree — Intellectual Property. A MyRNA Diagnostics, vencedor do primeiro prémio, terá ainda acesso a serviços de consultoria especializada e ao depósito de um pedido provisório de patente nacional.

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