Novo ministro das Finanças não deve ser da CDU, defende líder dos liberais

Conversações para uma coligação de Governo na Alemanha começam nesta quarta-feira.

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Christian Lindner CHRISTIAN BRUNA/EPA

O líder do Partido Liberal Democrata (FDP) alemão, Christian Lindner, defendeu que o Ministério das Finanças deve ser “politicamente separado da chancelaria” de Angela Merkel.

Lindner fez esta afirmação numa entrevista ao diário Frankfurter Allgemeine Zeitung em vésperas do início das conversações para uma coligação “Jamaica”, entre a CDU (União Democrata-Cristã, de Angela Merkel), CSU (União Social-Cristã, o partido-gémeo da CDU na Baviera), FDP e Verdes, a primeira vez que uma coligação do género será tentada no país a nível federal e única opção, de momento, de Governo maioritário (já que o segundo partido, o SPD, de centro-esquerda, recusou integrar de novo uma “grande coligação” com os democratas-cristãos, após as eleições de 24 de Setembro).

O cargo foi ocupado durante os últimos oito anos por Wolfgang Schäuble, cuja insistência nas regras de austeridade para os países do euro em crise e a vigilância apertada do orçamento alemão para evitar o défice lhe valeu grande popularidade (nos últimos anos foi sempre um dos mais populares políticos da Alemanha, e por vezes mesmo o mais popular).

Lindner afirmou que mais importante do que quem ocupa o cargo é a política definida, mas defendeu que este “não deve ser uma extensão” da chanceler o que, em sua opinião, só foi provado com a escolha de Peter Altmeier, considerado o braço direito de Merkel, para substituir Schäuble enquanto não há um acordo de coligação (e ninguém antecipa que este possa acontecer antes do Natal).

Lindner não reivindica necessariamente o cargo para o seu partido. “Isso é secundário” em relação à política, diz, acrescentando que “um ministro dos Verdes, da CSU, do FDP, qualquer uma das hipóteses seria melhor do que manter a chancelaria e o Ministério das Finanças nas mãos da CDU”.

O líder dos liberais não respondeu directamente sobre se reivindicaria o cargo para si, e espera-se que na distribuição das pastas este ministério seja pedido pelos liberais,  para Lindner ou para outro membro do partido com experiência governativa.

O responsável também repetiu a oposição do partido a medidas como mutualização da dívida (segundo a linha de Schäuble, que também nunca a considerou), e à ideia de fortalecimento do Mecanismo Europeu de Estabilidade (proposta pelo presidente francês, Emmanuel Macron, apoiada por Schäuble). “Numa união monetária em que as regras de Maastricht para o défice são respeitadas, não há necessidade de ter fundos permanentes de resgate”, declarou Lindner.

E deixou ainda um aviso: que o actual ministro não deve tomar, em Bruxelas, decisões. Novas decisões "só com renovada legitimidade política".

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