Em Espanha chamam-lhe "terrorismo incendiário"

Presidente da Junta da Galiza manifestou preocupação por Portugal não conseguir apagar os incêndios, que estavam a passar para Espanha. Fogos causaram quatro mortos na Galiza.

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A tragédia de Pedrógão Grande foi lembrada em Espanha, que também está a ser afectada pelos fogos Sergio Azenha

Quatro vítimas mortais, mais de 4000 mil hectares de floresta ardida, centenas de desalojados e dezenas de estradas cortadas. A Galiza também foi fortemente afectada pelos fogos no domingo, tendo alguns deles “viajado” de Portugal para Espanha empurrados pelo vento. No país vizinho não há dúvidas de que os incêndios têm mão humana. Chamam-lhe mesmo “terrorismo incendiário”.

“A Galiza não arde, a Galiza é queimada”, afirmou na manhã de domingo Alberto Núñez Feijóo, presidente da Junta da Galiza, o governo regional da província espanhola.

Esta terra vizinha de Portugal também viveu um domingo de terror, com centenas de fogos espalhados por toda a província, num dia de altas temperaturas (mais de 30 graus em algumas localidades) e ventos fortes. Ventos que fizeram com que alguns fogos do Norte de Portugal acabassem também por incendiar a Galiza.

Alberto Núñez Feijóo referiu mesmo na madrugada de ontem que "fogos saltaram o [rio] Minho pela primeira vez". E revelou ter transmitido à ministra da Agricultura, Pescas, Alimentação e Meio Ambiente, Isabel García Tejerina, a sua preocupação por Portugal não conseguir apagar os seus incêndios e os fogos com origem em território português estarem a entrar na Galiza.

“Pela primeira vez, vemos como os fogos saltam o rio Minho e incendiavam As Neves, Salvaterra, Porriño e outros lugares limítrofes”, salientou.

Mas a principal preocupação de Feijóo não vai para os fogos que galgaram o Minho. Vai para os que pegam fogo à floresta, não tendo dúvidas em afirmar que esta é a grande causa para os incêndios que assolaram a província nos últimos dois dias.

“Isto não foi fruto da casualidade, do azar, atacaram-nos indiscriminadamente e não nos poderiam causar maior dano”, afirmou o presidente da junta, classificando estes actos como “terrorismo incendiário”. “A Galiza não quer nenhum tipo de terrorismo.”

Respondendo a alguns autarcas locais, que se queixaram da falta de meios de combate às chamas, Feijóo diz que nunca existiram em Outubro tantos meios na província como agora, dizendo mesmo que foram “o dobro do ano passado”. “Não há profissional que possa controlar um fogo com ventos de 70 quilómetros/hora”, referiu.

O presidente da Junta da Galiza manifestou também solidariedade com Portugal e com a província das Astúrias, também tocada pelo fogo, e agradeceu a ajuda de outras comunidades e o trabalho dos bombeiros e militares. Disse mesmo que, sem este trabalho, a Galiza “poderia ter igualado ou ter uma situação ainda pior” do que a verificada no Verão “no município português de Pedrógão Grande”.

Numa visita à Galiza na manhã desta segunda-feira, o presidente do Governo espanhol, Mariano Rajoy, pediu às forças de segurança o “máximo esforço” para deterem os incendiários "responsáveis pelos fogos na Galiza".

Já na tarde desta segunda-feira, o Corpo Nacional de Polícia emitiu um comunicado em que afirma que os fogos “foram provocados”, apontando a sua autoria a “várias pessoas” que “acuaram de forma organizada”.

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