Incêndios fazem três mortos no Centro do país

Há ainda 25 feridos. Incêndios descontrolados em Óbidos e Marinha Grande. Durante este domingo foram registados 443 fogos. Portugal accionou o Mecanismo Europeu de Protecção Civil e o protocolo com Marrocos.

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Três pessoas morreram este domingo naquele que é descrito pela Protecção Civil como “o pior dia do ano” no que a incêndios diz respeito. Um fogo em Penacova, distrito de Coimbra, fez dois mortos, sendo que outra pessoa morreu na Sertã, disse à Lusa fonte do Comando Distrital de Operações de Socorro (CDOS) de Castelo Branco. Há ainda 25 feridos, quatro dos quais estarão em estado grave, informou a Protecção Civil.

Portugal accionou neste domingo, devido aos incêndios florestais, o Mecanismo Europeu de Protecção Civil e o protocolo com Marrocos, relativos à utilização de meios aéreos. A informação foi revelada por uma fonte do Ministério da Administração Interna à Lusa e entretanto confirmada pela ministra Constança Urbano de Sousa. Ao todo, já são mais de 6000 os operacionais a lutar contra incêndios em todo o país.

No segundo ponto de situação do dia, Patrícia Gaspar, adjunta de operações nacional da Autoridade Nacional da Proteção Civil (ANPC), reforçou a afirmação que realizou anteriormente de que este é “o pior dia do ano” no que respeita aos fogos. Segundo a informação da responsável, este domingo registaram-se 443 incêndios florestais, mantendo-se activos, às 22h, 108 fogos, que obrigaram à mobilização de mais de 6000 operacionais e 1600 viaturas. Há ainda 200 militares no terreno a apoiar as operações de combate.

Dos incêndios activos, existem 33 que “assumem importância elevada”, pelo seu tempo de duração e pelos meios necessários ao seu combate.

Patrícia Gaspar informou ainda que foi decidido manter o estado de alerta vermelho até segunda-feira às 20h, acrescentando que, até agora, foi activado um plano distrital de emergência em Coimbra e cinco planos municipais de emergência (Alcobaça, Monção, Mira, Mafra e Mangualde).

Devido aos incêndios que lavram no país, foi marcada uma reunião extraordinária do Centro de Cooperação Operacional Nacional, presidida pela ministra da Administração Interna, Constança Urbano de Sousa.

Há, em diferentes zonas do país, habitações ardidas, várias aldeias evacuadas e mais de 20 estradas cortadas (inclusive auto-estradas, estradas nacionais e itinerários principais) em diferentes zonas do país.

Além de mais de 20 estradas encerradas, a Linha Ferroviária do Norte foi também cortada entre Aveiro e Oiã (Oliveira do Bairro), tendo sido entretanto reaberta, enquanto a Linha da Beira Alta está cortada entre Mortágua e Santa Comba Dão devido a incêndios, disse este domingo a porta-voz da CP.

Ana Portela disse à Lusa que os incêndios que estão a deflagrar no distrito de Aveiro estão a obrigar ao corte da Linha do Norte entre Aveiro e Oiã, já no concelho de Oliveira do Bairro.

Já a Linha da Beira Alta está cortada entre Mortágua e Santa Comba Dão, devido a incêndios activos no distrito de Viseu.

Incêndios descontrolados em Óbidos e na Marinha Grande

Um incêndio descontrolado lavra em Óbidos e 100 bombeiros no terreno estão apenas a proteger habitações das aldeias de Casais Ladeira, Perna de Pau e Olho Marinho face à escassez de meios, disse o comandante dos bombeiros locais.

Carlos Silva queixou-se à agência Lusa da escassez de meios, explicando que já estiveram no local 132 bombeiros e 32 veículos. Mas, devido à ocorrência de outros incêndios na zona de Caldas da Rainha, foram desmobilizados meios, ficando no local cerca de 100 bombeiros e 28 veículos.

De acordo com o comandante dos bombeiros, o incêndio, com três frentes activas, está a ameaçar habitações nas aldeias de Casais Ladeira, Perna de Pau e Olho Marinho.

Os bombeiros limitam-se a “fazer prevenção às habitações”, enquanto o fogo arde livremente, sublinhou o responsável, adiantando que se avizinha uma “noite difícil” face à impossibilidade de serem mobilizados mais meios devido à ocorrência de diversos incêndios no distrito de Leiria.

“Estamos a pedir aos populares que nos ajudem com mangueiras e máquinas agrícolas”, disse.

Devido ao incêndio, estão cortados o Itinerário Principal IP6 (Peniche/Óbidos) e a estrada nacional EN114.

Na Sertã, algumas aldeias foram evacuadas ao início do dia por causa de um fogo que “ganhou grandes proporções”, segundo o autarca local José Farinha Nunes. O vice-presidente do CDS, Francisco Mendes da Silva, relatou também, através do Twitter, que a sua família se encontrava encurralada pelas chamas, sem possibilidade de fugir e que da parte da Protecção Civil a informação que chegava era a de que não existiam bombeiros disponíveis. Mais tarde, Mendes da Silva revelava que tinha perdido o contacto com os familiares.

Também o presidente da Câmara da Marinha Grande, Paulo Vicente, falou numa “situação incontrolável” a propósito do incêndio que está a atingir aquele concelho.

“Está tudo muito complicado, está incontrolável. Peço desculpa mas não lhe posso dizer nada mais”, sintetizou.

A localidade de Praia da Vieira, na Marinha Grande, está a ser evacuada desde as 17h30, na sequência de ordem emitida pela GNR, disse à agência Lusa uma moradora da freguesia.

As pessoas podem apenas deslocar-se para a Praia do Pedrógão, já no concelho de Leiria, acrescentou a mesma moradora. Na Praia do Pedrógão, há dezenas de carros estacionados.

O fogo, ainda de acordo com a fonte, está a “tocar a Praia da Vieira”. “A GNR está a evacuar a praia da Vieira. As indicações são ir para a praia do Pedrógão e é impossível ir para a Vieira de Leiria ou para a Marinha Grande”, disse.

Este incêndio está a ser combatido por mais de 100 bombeiros, um meio aéreo e 37 meios terrestres.

Também o incêndio que deflagrou em Vale de Cambra, Aveiro, e que se alastrou até Arouca, encontrava-se “descontrolado” pelas 22h00, disse fonte dos bombeiros de Arouca, segundo a qual o fogo “não vai ser dominado durante a noite”.

Chamas destroem fábrica, casas e anexos em Cantanhede

Uma fábrica, casas e anexos foram destruídos pelo incêndio que está a atingir este domingo o município de Cantanhede, um fogo que começou na Figueira da Foz e que também já alastrou ao concelho de Mira, disse um autarca.

A presidente da Câmara de Cantanhede, Helena Teodósio, em declarações à agência Lusa na Praia da Tocha, falou numa situação muito complicada e voltou a pedir mais meios para o combate.

“Neste momento, temos de ter serenidade, mas a serenidade também faz com que tenha de manifestar o meu desagrado com a situação. Sabemos que há muito fogo por todo o lado, mas aqui estamos completamente entregues a nós próprios”, disse.

No terraço de um edifício na Praia da Tocha é possível perceber a linha de fogo, com uma extensão de 30 quilómetros entre a Figueira da Foz e Mira.

“Ardeu uma fábrica e não estava lá ninguém a combater. Para além dessa fábrica, uma outra foi atingida. Os bombeiros tentam acautelar as habitações e, neste momento, é impossível perceber a extensão dos prejuízos.”

Para a autarca, tudo isto “é um desânimo muito grande”. “Tudo o que está a arder são os bens de pessoas.”

Por sua vez, o presidente da Câmara de Viana do Castelo disse à Lusa que os bombeiros estão a defender “casa a casa” o aglomerado habitacional de Castelo Neiva onde as chamas deflagraram cerca das 19h27.

Segundo o socialista José Maria, “o vento forte que se faz sentir está a dificultar o trabalho dos operacionais no terreno”.

O autarca adiantou que o fogo lavra “numa zona de floresta com muitas casas nas proximidades, num loteamento próximo do campo de futebol do Beira Mar”.

Segundo os bombeiros municipais de Viana do Castelo, combatem as chamas naquela freguesia da margem esquerda do rio Lima 35 operacionais apoiados por dez viaturas.

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