Rio rejeita Bloco Central, abre fogo sobre Santana e critica Marcelo

Ex-autarca do Porto respondeu a perguntas, na TVI, pela primeira vez após ter apresentado a sua candidatura a líder do PSD

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Depois de ter apresentado a candidatura através de uma decaração sem direito a perguntas, Rio deu uma entrevista à TVI LUSA/PAULO NOVAIS

Na primeira entrevista após a apresentação da candidatura, este domingo à noite, Rui Rio esforçou-se por mostrar que é diferente de Pedro Santana Lopes e esclarecer que nunca quis o Bloco Central. Na TVI, questionado por Pedro Pinto sobre o que o separa do seu opositor no PSD, respondeu: "Ui, tanta coisa". E a seguir discorreu sobre as diferenças que não são só ideológicas (Santana está "substancialmente mais à direita, basta ver o apoio que o homem de Loures lhe dá"), mas que têm sobretudo a ver com a maneira de ser. "Santana Lopes sai a meio dos cargos. Eu fico sempre até ao fim", disse. "Somos muito diferentes".

Já em relação a Pedro Passos Coelho, Rui Rio não se distanciou tanto como se podia prever. Sobretudo em matéria de contas e de alternativas ao Orçamento do Estado do PS. Insistiu que "é preciso baixar o peso da despesa no produto", que "não vê medidas a acarinhar a poupança e o investimento" e que se pensa demasiado no presente. "Este orçamento pensa mais no presente do que aquilo que devia estar a pensar no futuro. Devíamos estar a preparar-nos para navegar no mar encapelado e não no mar calmo".

Mas Rio mostrou-se mais optimista do que o líder a quem quer suceder. Disse até que, se fosse ele o primeiro-ministro (ou mesmo Passos Coelho), o país estaria a preparar-se para ter défice zero. "Havia condições para défice zero neste momento e quase com os mesmos ganhos que as pessoas tiveram", anunciou. "Era possível fazer mais", mas "com a solução parlamentar, o PS não pode fazer melhor porque está preso à esquerda".

Foi quando Pedro Pinto lhe dirigiu uma pergunta sobre o Bloco Central, que o ex-autarca do Porto se mostrou mais indignado: "Mas onde é que eu disse que era certinho que havia um Bloco Central [se eu fosse presidente do PSD]? Onde é que eu disse que o PSD joga para segundo?" Não joga, esclareceu. "O que eu acho é que os partidos têm de pôr os interesses partidários de lado e entenderem-se quanto a reformas estruturais para o avanço do país. Deturpam o que eu digo", queixou-se.

Incêndios florestais, educação, justiça ou segurança social são as áreas em que Rui Rio se disponibilizará para pactos de regime, se for eleito, mesmo que tenha maioria absoluta nas legislativas de 2019 (sim, porque não lhe parece que o Governo caia antes disso). "Mesmo com 52% preciso do líder da oposição para fazer reformas estruturais", confessou.

Sobre Marcelo Rebelo de Sousa, Rio falou brevemente. Disse que o Presidente ocupa "um lugar institucional importantíssimo, que tem se ser um elemento de equilíbrio" e que na oposição é preciso perceber que "a cooperação entre órgãos de soberania é vital". Mesmo que isso nem sempre agrade. Mas Rio deixou a farpa. Se fosse ele o Chefe de Estado, não teria havido almoço com Pedro Santana Lopes. "Não o teria feito, se fosse Presidente".

O que o social-democrata não vai fazer, se chegar a líder do PSD, é dispensar a bancada parlamentar do partido. Sossegue Hugo Soares, recém-eleito. "Temos um grupo parlamentar que é do PSD. Conto com eles e com eles todos. Foram eleitos democraticamente, estão lá e vão seguramente cumprir o seu papel", disse Rio, para concluir que, consigo, não haverá "purga nenhuma". O que haverá é uma "abertura do PSD à sociedade", garantiu.

 

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