Desde o ano 2000, incêndios tiveram custos sociais de 6,6 mil milhões de euros

Nos últimos 16 anos, os custos sociais dos incêndios variaram entre os 1,3 mil milhões de euros, em 2003, e os 126,5 milhões em 2008

Foto
Custos sociais dos incêndios de 2017 podem ultrapassar os 613 milhões de euros Daniel Rocha

Há um gráfico que vale a pena ver com atenção no relatório da Comissão Técnica Independente ao incêndio de Pedrógão Grande. Está na página 192 e chama-se: “Custo social dos incêndios em Portugal entre 2000 e 2016”. Os números anuais apresentados são, por si só, assustadores (oscilam entre os 1,3 mil milhões de euros, em 2003, e os 126,5 milhões, em 2008), mas o valor global é um murro no estômago. Desde o ano 2000, os incêndios tiveram custos sociais de 6,6 mil milhões de euros – mais do que a resolução do BES, 4,9 mil milhões, ou do que a capitalização da CGD, 5,2 mil milhões. Desse total, só 410,9 milhões foram canalizados para a prevenção.

Relativamente aos custos sociais para o ano de 2017, os peritos que assinam o relatório assumem que as contas podem já ser estimadas. “Apontando-se para um custo para a prevenção e combate de cerca de 92,5 milhões de euros (valor médio dos últimos anos) e utilizando os dados de áreas de povoamentos e matos ardidos até 15 de Setembro de 2017, as perdas de bens e serviços e custos de recuperação podem já ser estimadas em 523 milhões de euros. Ou seja, com um custo social total de 613 milhões de euros, perderam-se com os incêndios perto de 50% da riqueza anual produzida pela floresta”.

A este propósito, “nos trabalhos preparatórios realizados em 2006 para a Estratégia Nacional para as Florestas estimou-se o valor total das florestas, ou seja, a riqueza produzida anualmente pelas florestas” em “cerca de 1000 milhões de euros”, lê-se no relatório.

PÚBLICO -
Aumentar

Assim sendo, os custos sociais dos incêndios de 2017 ascenderão a 613 milhões de euros, que é mais do que os 410 milhões que foram canalizados para a prevenção de fogos nos últimos 16 anos.

O conceito de custo social referido pelo texto inclui os gastos com a prevenção e a supressão de incêndios, as perdas de bens e serviços e os custos de recuperação de áreas ardidas. Nestes diferentes sectores, as médias de gastos entre 2013 e 2016 (as mais recentes disponibilizadas) rondam os 25 milhões de euros para prevenção, os 78,1 para supressão, os 136,2 para perdas de bens e serviços e os 39,7 para recuperação.

Já que o assunto é contas, refira-se que os incêndios dos últimos 16 anos tiveram outro custo social que não se mede em euros, ao resultarem na morte de 165 pessoas, das quais 112 eram civis e 53 operacionais combatentes. Há um gráfico disponibilizado no relatório que refere que em anos particularmente trágicos do século passado, a perda de vidas ficou muito abaixo das 67 de 2017: 25 (em Sintra, em 1966), 14 (em Armamar, em 1985) e 16 (em Águeda, em 1986). Já neste século, foi em 2003 e 2055 que os fogos foram mais mortíferos, resultando em 21 e 22 mortes, respectivamente.

Sugerir correcção
Ler 1 comentários