Na Califórnia, as chamas não dão tréguas e já mataram 40 pessoas

Centenas de pessoas continuam desaparecidas e cerca de 100.000 tiveram de ser retiradas. Este é já o incêndio mais mortífero de que há memória neste estado norte-americano.

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Já foram destruídos 5700 edifícios LUSA/JOHN G. MABANGLO

As chamas na região de São Francisco, no estado da Califórnia, não deram tréguas até ao início da noite de sábado, mas as autoridades esperavam que a situação pudesse acalmar um pouco na madrugada deste domingo devido pelo menos à previsão da redução do vento forte que se faz sentir na região. No entanto, o calor e a falta de humidade mesmo durante a noite continuam a ser os principais inimigos.

O número de mortos subiu na noite de sábado para domingo para 40, outras centenas encontram-se desaparecidas, e no sábado mais 3000 pessoas tiveram de ser retiradas das suas casas. As autoridades contabilizam pelo menos cerca de 5700 imóveis parcial ou totalmente destruídos, entre casas de habitação, empresas e equipamentos públicos.

São 16 os principais incêndios que se alastram naquele estado norte-americano da costa Oeste, na região a norte de São Francisco, e que já consumiram cerca de 86.000 hectares nos últimos sete dias (por comparação, a área ardida em Portugal até agora em 2017 foi de 128.195 hectares). A área é maior do que a de toda a cidade de Nova Iorque, segundo calcula a agência Reuters. No combate aos fogos estão envolvidos cerca de 10 mil bombeiros.

Com o vento mais fraco durante esta noite, os bombeiros conseguiram dominar boa parte dos fogos em Cascade, na zona de Santa Rosa (condado de Sonoma), assim como o de Tubbs, entre Calistoga e Santa Rosa, e de Atlas, na zona vitivinícola de Napa. Aliás, o vale de Napa continua ameaçado por um outro fogo ainda sem controlo, em Nuns, e já foram reduzidas a cinzas pelo menos dez grandes explorações de vinha e as respectivas adegas.

Já morreram 40 pessoas, segundo o último balanço (22 delas no condado de Sonoma), o número torna este o mais mortífero incêndio de que há memória na Califórnia – o segundo pior foi o de Griffith Park, em Los Angeles, em 1933 que causara 29 mortos. Só em Sonoma há pelo menos 235 pessoas desaparecidas, mas em boa parte da região, onde continuam activos muitos focos de incêndio, há ainda áreas queimadas onde não foi possível chegar ninguém.

São já cerca de 100.000 pessoas que tiveram de ser retiradas das suas casas e instaladas em pavilhões desportivos, quartéis e bases militares. Só neste sábado foram retiradas cerca de três mil habitantes da cidade de Santa Rosa, 80 quilómetros a norte de São Francisco, e mais 250 de Sonoma.

De acordo com alguns relatos feitos à Reuters no terreno, devido à propagação rápida dos fogos, arrastados pelos ventos fortes, muitas pessoas acordaram a meio da noite com as chamas já a rondar as casas, e tiveram apenas alguns minutos para fugir, levando apenas a roupa do corpo. Como o caso de dois gémeos de 16 anos, que acordaram e deram o alerta ao resto da família e às casas da vizinhança em Fountain Grove, nos subúrbios de Santa Rosa.

“Esta é realmente uma das maiores tragédias que a Califórnia já enfrentou. A devastação é inacreditável. É um horror que nunca ninguém podia imaginar”, disse o governador da Califórnia, Jerry Brown, de visita às zonas atingidas.

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