Trump vai anunciar uma nova estratégia, mais ofensiva, para o Irão

Objectivo é pôr em causa cumprimento do acordo nuclear negociado pela Administração Obama

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O Irão diz ter o direito a desenvolver a energia nuclear para usos civis Morteza Nikoubazl/REUTERS

A Casa Branca anunciou que Donald Trump vai divulgar “a nova estratégia para lidar com o Irão” esta tarde. Antecipa-se  que o Presidente dos Estados Unidos anuncie medidas que ponham em causa o acordo para controlar o desenvolvimento nuclear iraniano, que poderá pôr aumentar a tensão com o regime de Teerão e prejudicar as relações diplomáticas com os aliados europeus de Washington.

Até domingo, o Presidente dos EUA deveria fazer a validação períodica do acordo nuclear, como exigia uma lei aprovada em 2015 pelo Congresso norte-americano. A cada 90 dias, Trump tem de informar o Congresso se o acordo está a ser cumprido pelo Irão e se o levantamento das sanções antes impostas a Teerão é do interesse da segurança nacional norte-americana.

Prevê-se que Trump diga agora que o Irão não está a cumprir o espírito do acordo e que é preciso fazer algo mais para travar as suas acções de desestabilização na região, nomeadamente o seu programa de ensaio de mísseis balísticos. É possível ainda que os Guardas da Revolução iranianos venham a ser considerados como uma organização terrorista.

Estas decisões não farão os Estados Unidos sair automaticamente do acordo, negociado ainda pelo Reino Unido, França, China e Rússia e Alemanha, com intervenção directa da União Europeia. O Congresso terá 60 dias para decidir se vai a impor sanções a Teerão, que foram suspensas ao abrigo deste pacto, negociado pela diplomacia de Barack Obama, para travar o desenvolvimento da tecnologia nuclear iraniana, mas sempre considerado insuficiente por Israel.

Em Julho de 2015, o Irão tinha quase 20 mil centrifugadoras, com capacidade para purificar o urânio até um grau suficiente para poder ser usado em armas nucleares. Especialistas norte-americanos tinha calaculado que, se o Irão decidisse avançar para produzir armas quando tinha esta capacidade instalada, bastar-lhe-ia dois a três meses até ter uma. 

Mas, ao abrigo do acordo, o Irão está agora limitado a usar apenas 5060 das mais antigas e menos eficazes centrífugadoras na central de Natanz durante os dez anos em que vigora o acordo.

Foi ainda acordado que os stocks de urânio iranianos seriam reduzidos em 98%, durante 15 anos, e que este combustível nuclear não poderia ser enriquecido acima de 3,67% - compatível com usos civis, mas não militares. Em Janeiro de 2016, recorda a BBC, o Irão tinha já reduzido de forma drástica o número de centrifugadoras instaladas em Natanz e Fordo, e enviado várias toneladas de urânio enriquecido para a Rússia.

A Agência Internacional de Energia Atómica, organismo da ONU, que faz inspecções regulares, tem dito que o Irão está a cumprir a sua parte do acordo. Mas a Administração Trump, fazendo eco das preocupações israelitas, tem exigido ter acesso a várias instalações iranianas onde se faz investigação militar, e se desenvolvem mísseis – algo que não ficou clarao que seria possível ao abrigo do acordo nuclear. 

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