Por esta ria acima vai um barco que também é uma casa

Pai e filho desenvolveram um projecto original mas que também tem preocupações ambientais. Trata-se de uma casa flutuante que já navega pelas águas da Ria de Aveiro sem provocar qualquer tipo de poluição.

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Adriano Miranda
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Por estes dias, uma marina no distrito de Aveiro alberga um hóspede diferente. Para além das habituais embarcações de pesca, há uma estrutura rectangular estacionada que esconde um quarto, uma casa de banho e uma sala de estar. É uma casa flutuante mas o sítio que ocupa na marina é adequado. Afinal, também falamos de uma embarcação.

Ao leme da casa flutuante e da empresa Waterlily Boats, que desenvolveu o projecto, está um pai e um filho — Ricardo Neta, engenheiro mecânico, especialista no desenvolvimento de plataformas em materiais compósitos e o pai, Paulo Neta, professor de Física e Química. Como ambos reconhecem, o que desenvolveram não é totalmente novo já que este tipo de embarcações está muito presente em países da Europa Central com uma “cultura dos lagos” enraizada, como é o caso da Holanda. “Nós apenas pensámos em formas de melhorar” esta prática, adianta Ricardo Neta.

“O que nos destaca é o facto de ser tudo em compósito e o facto de, para além de sermos ecológicos, fazermos uma ecologia activa: temos, por exemplo, sensores que fazem a monitorização da qualidade de água e contribuímos com dados, fornecidos em tempo real, para instituições de investigação”, explica o engenheiro. Junta-se a isso o facto de a casa ser facilmente manobrável, movida a energia solar apesar de contar com dois motores eléctricos.

Adapta-se a diferentes ambientes e pode até, segundo Paulo Neta, navegar numa barragem de água para consumo humano: “Temos tanque de águas limpas e tanques de águas sujas. Desta embarcação não sai nada para o ambiente, como restos de óleo, gasolina ou dióxido de carbono. Todos os dejectos vão para um tanque de águas negras e são vazados quando chegamos ao pontão”.

Mas quem procura estas embarcações? Para já, a maior parte dos clientes vêm do ramo hoteleiro mas também já receberam encomendas de particulares. Até agora, quem se desloca a Vagos para visitar o modelo de demonstração tem saído surpreendido. “Todas as pessoas que experimentaram pensavam que não se desloca rápido, o que não é verdade. Não temos motores, só ouvimos a água a correr e é uma sensação diferente do habitual. Se isso não bastasse, basta levá-los ao quarto para uma vista de 180 graus para a Ria de Aveiro e ficam rendidos”.

Para Ricardo, o facto de não ser uma “casa fixa” faz com que seja possível escolher um destino para passar uma noite, pernoitar numa marina e depois regressar. “Atrai aqueles que querem ter uma casa de férias no Minho, no Douro ou na Ria Formosa”, exemplifica o engenheiro. Neste momento, as embarcações podem custar entre 50 e 200 mil euros, tudo depende das especificidades e extras.

Um side-project que correu bem

Este modelo vem equipado com uma cama de casal, casa de banho e uma sala de estar que também guarda espaço para uma cozinha — não há fogão, mas há placas eléctricas. A casa está equipada com internet. 

Este é apenas o primeiro modelo de demonstração desenvolvido pela Waterlily Boats. Entretanto, já se preparam embarcações para fazer face aos pedidos de encomenda que vão chegando. Ao leme, enquanto manobra a casa-barco pela Ria de Aveiro e neblina adentro, Ricardo fala sempre com entusiasmo acerca do projecto, que vai ganhando fôlego à medida que o tempo passa. O facto de estar a trabalhar lado-a-lado com o pai também ajuda: “Quando eu decidi que queria abrir a minha própria empresa, tinha que o incluir porque ele tem a experiência, eu a inovação”.

Ricardo fala de uma empresa de engenharia que tem em mão vários projectos relacionados com o mar. A Waterlily Boats começou por ser mais um projecto dessa empresa, mas pouco tempo depois transformou-se em algo mais. Foi “um side-project que correu muito bem”, atira.

Mas a ligação da família ao mar já é mais antiga e vai muito para além do mundo empresarial. Comandar os destinos de uma embarcação, como faz na tarde em que o PÚBLICO foi visitar esta casa flutuante, não é novidade para Ricado Neta, assim como não são os caminhos da Ria de Aveiro. “Desde pequeno”, recorda, que sobe e comanda barcos. “Eu e o meu pai já fizemos a costa portuguesa umas 20 vezes, estamos ligados ao mar há muito tempo”, sublinha o empresário.

Texto editado por Ana Fernandes     

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