Cartas ao director

Prioridades

Olhei para a televisão de soslaio, dizia que a Câmara Municipal de Oleiros tinha investido largos milhares de euros, só não consegui ler aonde. Tinha a esperança que esse dinheiro fosse aplicado na reabilitação do Pinhal Interior, zona tão fustigada pelos catastróficos incêndios do último verão, talvez um plano que fomentasse o desenvolvimento económico da área ou uma medida que menorizasse o sofrimento de pessoas que perderam tudo. Qual não é o meu espanto quando acabo de ler a notícia completa, afinal as prioridades eram outras: a câmara vai financiar obras de renovação do Estádio Municipal que habitualmente se encontra às moscas só para que uma associação local receba um clube grande [Sporting] numa eliminatória da Taça de Portugal em futebol!  

Emanuel Caetano, Ermesinde

 

Despacho final

No despacho final com mais de quatro mil páginas, acerca da intrincada Operação Marquês, a justiça portuguesa acusou José Sócrates de 31 crimes, acolitado por mais dezanove vorazes tubarões e ainda nove empresas, tudo metido na mesma delituosa caverna, onde "os donos disto tudo" fabricavam corrupção activa e passiva, branqueamento de capitais, falsificação de documentos, peculato, fraude fiscal qualificada e abuso de confiança.

De facto, num país muito antigo, com uma democracia ainda jovem, foi possível chegar-se a este desfecho, onde um ex-primeiro-ministro se deixou enredar pelo mundo da alta finança, onde muitos prevaricadores se julgam ou julgavam intocáveis e acima de qualquer lei.

Resumindo, no caso vertente, "a montanha não pariu um rato", mas tubarões de alta ferocidade.

José Amaral, Vila Nova de Gaia

 

Era mesmo preciso?

Após as manifestações em Barcelona, no passado domingo, pareceu-me que, a existir um referendo legal e normal, o "não" à independência ganharia. Tal como em 2014. Aliás, como desfecho, outra coisa não seria de esperar do que a manutenção do statu quo, com ou sem a expressão da vontade popular, atendendo às inevitáveis pressões que, caso contrário, de todo o lado viriam, desde o sector financeiro global à UE, esse clube privativo e exclusivo para onde se entra só depois do imprescindível alinhamento com os critérios definidos (que bem podiam ser outros quaisquer), e donde não se sai, pelo menos a bem. Ora, a insensibilidade de Rajoy, aliada ao seu autoritarismo, mais próprio de outras Espanhas do passado, levou a que centenas de catalães fossem selvaticamente agredidos, entre milhões de compatriotas humilhados. Foi mesmo um acto gratuito que pode vir a ficar caro.

José A. Rodrigues, Vila Nova de Gaia

 

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