Movimento leva poluição do Tejo a Lisboa no próximo sábado

Já é a terceira manifestação do ProTejo, que considera que as medidas tomadas até agora não têm conseguido conter o problema.

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“A acção das autoridades competentes tem fracassado quanto à contenção das práticas poluentes das empresas na bacia do Tejo, em especial na zona de Vila Velha de Ródão”, diz o movimento Manuel Roberto

Protestar contra os problemas de poluição que continuam a afectar o rio Tejo e os seus afluentes e reclamar mais medidas do Governo são os objectivos principais da manifestação que o movimento cívico ProTejo organiza, na tarde do próximo sábado, em Lisboa. A iniciativa conta com o apoio de várias organizações ambientalistas e fará o percurso ribeirinho entre o Cais do Sodré e o Terreiro do Paço. Trata-se da terceira manifestação do género realizada pelo ProTejo (primeira em Lisboa) e, apesar do plano integrado de acção e fiscalização da bacia do Tejo assumido pelo Ministério do Ambiente, o movimento considera que é urgente tomar mais medidas. 

“Após a manifestação de 4 de Março de 2017 constatou-se que a qualidade da água melhorou significativamente, mas desde Junho passado a poluição visível no rio Tejo tem vindo novamente a aumentar constatando-se actualmente um aumento do número das ocorrências e um significativo nível de poluição cuja principal origem na zona de Vila Velha de Ródão foi reconhecida no Relatório da Comissão de Acompanhamento Sobre Poluição no Rio Tejo”, sublinha o ProTejo, que tem sede em Vila Nova da Barquinha, frisando que,  apesar da “acção meritória” de definição de um Plano Anual de Acção Integrado de Fiscalização e Inspecção para a Bacia do Rio Tejo, “a acção das autoridades competentes tem fracassado quanto à contenção das práticas poluentes das empresas na bacia do Tejo, em especial na zona de Vila Velha de Ródão”.

Por isso, o movimento cívico ribatejano apela ao ministro do Ambiente para que sejam tomadas medidas para a contenção das descargas poluentes no Tejo, que garantam o objectivo de alcançar o bom estado ecológico ao longo de todo o seu curso em território português, seja pela maior fiscalização, seja pela revisão ou suspensão das licenças de emissão de efluentes. E requer a atenção do governante para a necessidade dos instrumentos de defesa do rio e dos seus afluentes que criou se traduzirem em reais e rápidas melhorias do estado ecológico das águas da bacia do Tejo.

Depois, o ProTejo considera que os caudais do Tejo com origem em Espanha são muito escassos e que as águas oriundas do país vizinho “vêm já com um elevado grau de contaminação com origem nos fertilizantes utilizados na agricultura intensiva, na eutrofização gerada pela sua estagnação nas barragens da Estremadura, na descarga de águas residuais urbanas das vilas e cidades espanholas sem o adequado tratamento e na contaminação radiológica com origem na Central Nuclear de Almaraz”, sustenta.

“A gravidade desta poluição das águas do rio Tejo acentua-se devido aos caudais cada vez mais reduzidos que afluem de Espanha, diminuindo a capacidade de depuração natural do rio", prossegue o ProTejo, salientando que a poluição, em território nacional, provém da agricultura, indústria, suinicultura, águas residuais urbanas e outras descargas de efluentes não tratados, com total desrespeito pelas leis em vigor, e sem a competente acção de vigilância e controlo pelas autoridades responsáveis, valendo a acção de denúncia das organizações ecologistas e dos cidadãos, por diversas formas, nomeadamente, através das redes sociais e da comunicação social.

Por isso, o movimento considera que esta catastrófica situação do rio e seus afluentes tem graves implicações na qualidade das águas para as regas dos campos, para a pesca, para a saúde das pessoas e impede o aproveitamento do potencial da região ribeirinha para práticas de lazer, de turismo fluvial e desportos náuticos, respeitando a natureza e a saúde ambiental da bacia hidrográfica do Tejo.

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