O cinema, o clima e a Serra da Estrela

O Cine'Eco, o Festival Internacional de Cinema Ambiental da Serra da Estrela no activo desde 1995, vai passar 100 filmes sobre as alterações climáticas de 14 a 21 de Outubro.

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Arranque no sábado, 14, com A Odisseia, o biopic que Jérôme Salle realizou sobre o explorador Jacques Cousteau

“Tudo pode mudar” é o lema da edição de 2017 do Cine’Eco Seia, o Festival Internacional de Cinema Ambiental da Serra da Estrela, no activo desde 1995. A expressão que dá o mote para este ano vem do livro homónimo de Naomi Klein, lançado em 2014. De 14 a 21 de Outubro, o Cine’Eco mostrará, na Casa da Cultura de Seia, filmes como Uma Verdade (Mais) Inconveniente, de Bonnie Cohen e Jon Shenk, a sequela de Uma Verdade Inconveniente, o filme sobre mudanças climáticas de 2006 com Al Gore no centro. Com o Acordo de Paris do qual Donald Trump se livrou como foco, o filme passa em estreia nacional, a dia 18, oito dias antes de ser exibido no DocLisboa deste ano. São, ao todo, 100 filmes, com um foco grande no documentário, mas com alguma ficção pelo meio.

Mas não é o único motivo de interesse: Os Burros Mortos Não Temem Hienas, de Joakim Demmer, olha para a corrida à exploração agrícola na Etiópia; Nahui Ollin - Sol em Movimento junta oito realizadores a darem a sua visão sobre a biodiversidade do México e a forma como está a ser alterada; A Idade das Consequências, realizado por Jared P. Scott, olha para a intersecção entre fenómenos como a Primavera Árabe, o chamado Estado Islâmico e a radicalização de pessoas, bem como a crise dos refugiados, e as mudanças do clima; Perseguido Corais, de Jeff Orlowski, mostra como os corais estão a desaparecer; Ondas Brancas, com realização de Inka Reichert, envolve os esforços de surfistas que lutam contra a contaminação do mar; Rio Azul: Pode a Moda Salvar o Planeta?, que junta David McIlvride e Roger Williams, atira-se à indústria da moda e o impacto considerável que tem sobre o meio ambiente.

Nem só de obras internacionais vive o Cine'Eco. Também serão mostrados, na competição, filmes lusófonos como Moon Europa, de Nuno Escudeiro, que filma o ártico a e as poucas pessoas que lá vivem em invernos inóspitos; Belo Monte: Um Mundo Onde Tudo é Possível, de Alexandre Bouchet, que examina a controversa barragem brasileira que lhe dá o nome; Deriva Litoral, de Sofia Barata, que olha para o inverno de 2013 e 2014 e o seu impacto na costa portuguesa; ou Terra e Luz, um filme de ficção pós-apocalíptica do brasileiro Renné França.

O arranque é no sábado, dia 14. Começa, ao final da tarde, com um filme que não é documental: A Odisseia, o biopic que Jérôme Salle, o responsável por Largo Winch e Anthony Zimmer, realizou em 2016 sobre o lendário explorador dos mares Jacques Cousteau. Mas a abertura oficial é à noite, com Os Lobos, o documentário mudo de 1923 que o italiano Rino Lupo rodou na mesma Serra da Estrela em que o festival de desenrola. Foi lançado em 2015 pela Cinemateca e será musicado ao vivo pelo pianista britânico radicado em Portugal Nicholas McNair, que costuma acompanhar este tipo de sessões.

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