La French Tech chega a Lisboa para tentar levar startups portuguesas até França

A organização faz parte da estratégia francesa para atrair empresas em expansão, aproveitando a saída do Reino Unido da União Europeia.

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A organização quer transformar França numa opção para startups portuguesas Reuters/CHARLES PLATIAU

França quer convencer as startups portuguesas a escolher uma cidade francesa na altura de expandir os seus negócios. Depois de cidades como Barcelona, Londres, e Berlim, a French Tech – uma organização francesa que promove startups francesas e apoiadas pelo governo francês – chegou a Lisboa esta terça-feira. Já existem mais de 30 escritórios do projecto francês em todo o mundo.

“Queremos encorajar as startups portuguesas que cá começam a pensar em França como um bom país para se expandirem, em vez de Inglaterra, por exemplo”, disse ao PÚBLICO Rémi Charpentier, um dos co-fundadores da delegação da French Tech em Portugal, durante a apresentação do projecto, na embaixada de França, em Lisboa. Desde cedo que Paris tenta aproveitar a saída do Reino Unido da União para atrair empreendedores.

A organização pretende também internacionalizar projectos franceses. “O objectivo principal é exportar startups francesas pelo mundo e dar uma marca de qualidade ao cenário de tecnologia francesa”, explicou o co-fundador.

“A vinda da Web Summit para cá foi um dos grandes motivos para abrirmos operações em Portugal”, diz Charpentier. Desde 2016 que a cidade aloja a maior feira de empreendedorismo e inovação no mundo, de que a French Tech é parceira. “E depois o número de franceses a vir para Portugal está a explodir, e a demografia está a mudar. Já não são só os pensionistas.”

Em 2013, existiam 4500 franceses registados junto do consulado francês. Hoje, são mais de 16 mil, mas estima-se que no total existam cerca de 30 mil franceses a viver sobretudo em Lisboa e no Porto.

O co-fundador de La French Tech Lisbon acredita que a cidade ainda tem muito para oferecer: “Ainda temos uns bons anos em Lisboa pela frente. O meu medo é outro. Portugal tem de encontrar uma forma de se tornar sustentável.” Para o empresário a “marca de Portugal” ainda está demasiado associada ao offshoring: “As startups começam em Berlim, ou noutras cidades, por exemplo, e depois abrem partes técnicas e fábricas em Lisboa,  ou seja, vemos trabalhos de baixo valor a serem criados em Portugal, enquanto as funções de grande inovação ficam em outros países.”

Além dos custos da cidade, Charpentier vê a língua e a localização de Portugal como factores ideais para quem tem empresas com um ângulo internacional e que seja orbrigado a viajar muito. E a linguagem não é uma barreira para trabalhar em tecnologia. “O nosso nome é em inglês. Nós franceses somos muito protectores da língua francesa, mas é absurdo pensar que por se aprender uma nova língua se perde a língua mãe”, frisa Charpentier. “E os portugueses parecem poliglotas, e falam muito inglês. É algo que não acontece em qualquer outro país latino no Sul da Europa. É rápido conhecer pessoas e começar um negócio.”

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