Governo manda reactivar postos de vigia após críticas

Redução dos meios de combate em Outubro tem sido alvo de polémica por causa dos sucessivos incêndios.

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Mario Lopes Pereira

O Ministério da Administração Interna (MAI) anunciou nesta terça-feira que vai reactivar, a partir desta quarta-feira, a Rede Primária de Postos de Vigia da GNR. Os 72 postos desta rede estarão em funcionamento até ao dia 31 de Outubro. Este número de postos corresponde ao disponibilizado nos meses de Maio e Junho, durante a Fase Bravo. O encerramento dos postos foi notíciado na manhã desta terça-feira pelo Jornal de Notícias e TSF

O MAI não explica, porém, como será feita a reactivação. Os vigilantes destes postos são normalmente civis contratados pelo Serviço de Protecção da Natureza e do Ambiente (SEPNA) da GNR, cujos contratos de trabalho terminaram a 30 de Setembro. Mas em comunicado garante que os postos de vigia estarão em funcionamento a partir desta quarta-feira, dia 11, até ao final do mês.

Tal como em anos anteriores, a Fase Charlie previa o funcionamento das 236 torres de vigia espalhadas pelo país apenas até 30 de Setembro. A passagem à Fase Delta, a 1 de Outubro, implica a desactivação dos postos de vigia florestal. O que significa que nas torres não há agora ninguém (eram 944 pessoas de 1 de Julho a 30 de Setembro) porque terminaram também os vínculos de trabalho dos vigilantes civis contratados pela GNR para este serviço. 

Para contrariar as "notícias vindas a públicos nos últimos dias segundo as quais o MAI não terá acautelado os meios de vigilância, detecção e combate necessários ao quadro meteorológico dos últimos dias, propício à propagação de incêndios florestais", o gabinete de Constança Urbano de Sousa elenca, em comunicado, as medidas e os meios destacados para o mês de Outubro. E que já esta segunda-feira, tinham sido descritos pelo secretário de Estado da Administração Interna, Jorge Gomes.

Criticas dos bombeiros e autarcas

A única novidade da nota do ministério é a reactivação dos postos de vigia, que surge depois do presidente da Liga de Bombeiros Portugueses, Jaime Marta Soares, assim como os autarcas das regiões atingidas por incêndios nos últimos dez dias, terem criticado a redução dos meios de socorro no terreno, incluindo o encerramento dos postos de vigia.

O comunicado afirma que o dispositivo dos bombeiros da Fase Delta foi "reforçado com mais 820 operacionais, o que corresponde a um total de 2763 operacionais dos corpos de bombeiros".

"Ao nível do total de operacionais ao serviço, a Fase Delta conta nesta altura com cerca de 6400 elementos", especifica o MAI, estando a contar com bombeiros, o Grupo de Intervenção, Protecção e Socorro da GNR, a Força Especial de Bombeiros, os Sapadores, e o novo reforço de vigilantes (288 pessoas).

O MAI afirma ainda que "os grupos de reforço distritais foram reforçados e são activados face às necessidades operacionais" e que foram "constituídos pelotões de militares" para serem "accionados sempre que necessário".

O gabinete de Constança Urbano de Sousa acrescenta que também estendeu até ao final do mês de Outubro os contratos dos meios aéreos. "Assim, estão disponíveis dois aviões pesados, dois aviões ligeiros e oito helicópteros médios", a que se junta a frota do Estado, "composta por três helicópteros ligeiros e três pesados".

Porém, isso só representa um reforço dos meios na segunda metade de Outubro, já que o dispositivo da Fase Delta (de 1 a 31 de Outubro) já prevê a disponibilidade de 14 helicópteros todo o mês de Outubro e quatro aviões anfíbios até 14 de Outubro e de apenas dois na segunda quinzena do mês.

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