Dia 13 não é sexta-feira 13. O PSD evita o azar?

É num sábado 13, não numa sexta-feira, que volta um duelo antigo no PSD. Hoje é o tiro de partida. Para não acabar em azar, era fundamental que Rui Rio e Santana Lopes nos falassem sobre isto.

As directas no PSD estão já marcadas. Por sorte, serão num sábado 13, não numa sexta-feira. O que se pronuncia é um duelo antigo, entre Rui Rio e Santana Lopes. Para evitar que o partido dê um passo atrás e caia num azar é obrigatório que nos falem sobre isto: 

Primeiro, sobre o Bloco Central. No que respeita a amizades, temos um empate: Rio e Costa entenderam-se bem quando lideravam as duas maiores câmaras do país; mas Santana Lopes elogiou-lhe a condução do Governo, e abriu portas à entrada da Santa Casa no Montepio. Assim sendo, é no posicionamento que temos que os ouvir.
Rio Rio defendeu já, por várias vezes, a necessidade de haver entendimentos de regime em sectores cruciais (como a justiça ou o sistema político). Santana já disse e escreveu o mesmo várias vezes. A questão é em que matérias tentarão negociar com o PS e em que circunstâncias e condições - porque o PSD é, neste momento, o partido com mais deputados na Assembleia e o PS só governa porque ganhou o apoio da esquerda sobre um programa alternativo. 

Segundo, sobre o passado: diz-se que Rui Rio é mais crítico do que fez Passos e parece que Santana Lopes se rendeu ao passismo. Num e noutro caso, a clarificação do que separa as candidaturas tem obrigatoriamente de passar por aqui: o que teriam feito de diferente no tempo da troika, o que teriam feito de diferente agora na oposição. 

Terceiro, sobre a renovação. Das equipas, porque ninguém compreenderia que o PSD voltasse a 2004, quando o PSD se partiu em dois, na época entre santanistas e manelistas - ou mesmo a 2008, quando se partiu em três (no duelo a três de Santana, Manuela e Passos). Mas também dos programas, porque o país já não é o de 2005, quando Santana saiu do Governo e Rui Rio saiu da direcção do PSD. E é preciso que um e outro digam com clareza o que fariam de diferente de António Costa.

Quarto, sobre a táctica. Para que um e outro entrassem com o pé direito na longa campanha que se segue, era bom que usassem menos dos bastidores e mais do debate político. Era bom que recorressem menos aos aparelhos e mais da opinião pública. Era bom que mostrassem transparência e abertura, pedindo aos seus apoiantes que abdicassem das ameaças e usassem os argumentos. 

Por fim, sobre Marcelo. Sabendo que o Presidente é do PSD, mas tem sido útil ao PS, sabendo que Marcelo é Marcelo, era importante que Rio e Santana nos dissessem como avaliam o Presidente, o que esperam dele e o que pretendem fazer em 2021: apoiá-lo ou não, eis a questão. Quanto ao Presidente, era bom que se lembrasse de uma frase que disse ao DN, numa entrevista de Verão: que a última coisa que um Presidente pode fazer é interferir na vida interna de um partido. 

Se até àquele sábado, dia 13, o país vir estes passos cumpridos, talvez o PSD tenha um dia de sorte. Senão, será a sorte de Assunção Cristas. 

P.S. Por azar do autor, este texto foi lançado pensando mesmo que as directas calhavam numa sexta 13. Por sorte, o segundo olhar sobre o calendário não invalidou nenhum dos argumentos do texto. 

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