Trienal recebeu 26 candidaturas a concurso para Mercado de Santa Clara em Lisboa

Inaugurado em Outubro de 1877, o Mercado de Santa Clara é o mais antigo mercado coberto de Lisboa. Foi no Campo de Santa Clara que Afonso Henriques acampou as tropas que planearam a conquista de Lisboa aos Mouros, no século XII.

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MIGUEL MADEIRA

A Trienal de Arquitectura de Lisboa revelou à agência Lusa que recebeu 26 candidaturas ao concurso de ideias para o Mercado de Santa Clara, no Campo de Santa Clara, zona onde a entidade tem sede, em Lisboa.

O prazo para a entrega de propostas de arquitectos para revitalizar o Mercado de Santa Clara, no âmbito deste concurso, aberto em Julho, terminou na segunda-feira.

Contactada pela Lusa, fonte da trienal indicou que foram entregues 26 propostas que serão avaliadas por um júri composto pelos arquitectos Matilde Cardoso, por parte da Junta de Freguesia de São Vicente; Margarida Grácio Nunes, por parte da Câmara Municipal de Lisboa; José Mateus, por parte da Trienal de Arquitectura de Lisboa; e Pedro Geraldes, por parte do Clube de Criativos de Portugal.

De acordo com a Trienal de Arquitectura de Lisboa, o concurso de ideias, de âmbito nacional, visa "adaptar o mais antigo mercado coberto de Lisboa, a novos usos", no quadro do programa de revitalização dos mercados, promovido pela Câmara de Lisboa.

O concurso, com um prémio no valor de 5000 euros, é dirigido a arquitectos em nome individual, organizados em colectivos informais ou sociedades de profissionais habilitados a exercer a actividade de estudos e projectos de arquitectura.

O concurso tem uma única fase, está sujeito a anonimato, e o objecto principal do estudo prévio simplificado é a adaptação da nave central e seus dois acessos a Eeste e Oeste.

A Trienal de Arquitectura é responsável pelo desenho e promoção do concurso, que tem também, como objectivos, dinamizar a freguesia onde está instalada a sede e "a participação activa na sua regeneração".

Da autoria do arquitecto Emiliano Augusto de Bettencourt, o Mercado de Santa Clara servia como mercado abastecedor e é um exemplo da utilização privilegiada do ferro em arquitectura, típica do fontismo do final do século XIX, patente na estrutura da nave e nos portões de ferro forjado, recorda a organizadora do concurso.

A história do mercado está associada à da Feira da Ladra que, em 1882, passou a preencher o espaço circundante, e desde 2011, acolhe o Centro das Artes Culinárias, resultado duma parceria entre a Câmara Municipal de Lisboa e As Idades dos Sabores - Associação para o Estudo e Promoção das Artes Culinárias.

No espaço são apresentadas oficinas, venda de publicações, produtos tradicionais, entre outros eventos temáticos.

Inaugurado em Outubro de 1877, no coração da freguesia de S. Vicente, o Mercado de Santa Clara (antigamente designado de Oriental), é o mais antigo mercado coberto de Lisboa.

O Campo de Santa Clara é uma zona de Lisboa marcada por diversos acontecimentos históricos, já que foi neste solo que Afonso Henriques acampou as tropas que planearam a conquista de Lisboa aos Mouros, no século XII.

Mais tarde, foi ali que se construiu a Igreja Mosteiro de S. Vicente, que, por ser terreno baldio e com pouca população, se tornou em "campo da forca", onde se executavam penas capitais. Também ali, no século XIII, foi construído o Mosteiro de Santa Clara, que deu nome à zona.

Na segunda metade do século XIX, foi neste local que se edificou o mercado, que é envolvido, todas as terças-feiras e sábados, pela Feira da Ladra.

Em 1926, tornou-se mercado agrícola onde se podiam encontrar bancadas de venda de legumes e frutas, de peixe e carne.

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