Chegou o dia de Portugal emendar o passo em falso

Derrota na Suíça, no arranque da qualificação para o Mundial 2018, foi há 13 meses e deixou a equipa nacional a fazer contas. Selecção de Fernando Santos tem esta noite a oportunidade de corrigir essa falsa partida e evitar ter de disputar o play-off

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LUSA/JOSE SENA GOULAO

Era o dia 6 de Setembro de 2016: um país e uma selecção ainda a viverem na ressaca da conquista do título de campeão europeu tiveram em Basileia um choque frontal com a realidade. Uma derrota contra a Suíça, no arranque da qualificação para o Mundial 2018, deixou Portugal a fazer contas invulgarmente cedo. De pouco valeu à equipa orientada por Fernando Santos ganhar os oito jogos disputados desde então, porque a Suíça manteve-se 100% vitoriosa – e as duas selecções chegam à derradeira jornada do Grupo B separadas pelos três pontos de Basileia. Esta noite, no Estádio da Luz (19h45, RTP1), Portugal está obrigado a vencer para apurar-se directamente para o Campeonato do Mundo na Rússia. Qualquer outro resultado terá como consequência a obrigação de disputar o play-off.

Numa fase de qualificação disputada por grupos não haveria, teoricamente, finais. Mas esta noite é disso que se trata para a selecção portuguesa: matar ou morrer, garantir desde já a qualificação para o Mundial 2018 ou ter de esperar até meio de Novembro, fazer mais dois jogos, e então decidir se compra a viagem para a Rússia.

Passaram 13 meses desde a partida de Basileia e finalmente a selecção de Fernando Santos vai ter a oportunidade de emendar esse passo em falso. Num Estádio da Luz com casa cheia em perspectiva, segundo a Federação Portuguesa de Futebol, a equipa nacional vai tentar assegurar desde já a décima presença consecutiva em fases finais de grandes competições. Uma série iniciada com o Euro 2000 e que tem vindo a manter-se, apesar de em três ocasiões Portugal ter sido obrigado a passar pelo play-off – Mundial 2010 (contra a Bósnia-Herzegovina), Euro 2012 (novamente perante os bósnios) e Mundial 2014 (frente à Suécia).

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Mas a missão portuguesa será tudo menos simples, como pode perceber-se pelo facto de haver apenas duas selecções 100% vitoriosas na qualificação europeia para o Campeonato do Mundo: uma é a Alemanha e a outra é a Suíça. “A Suíça é um adversário fortíssimo que está a fazer uma qualificação brutal, com nove vitórias em nove jogos. Sabemos das dificuldades do jogo e que vamos defrontar uma equipa de grandíssima qualidade”, sublinhou Fernando Santos na antevisão da partida, acrescentando: “Mantenho a convicção que amanhã [hoje] os jogadores vão dar-me uma prenda e que Portugal vai chegar ao Campeonato do Mundo através da fase de grupos.”

A referência a prenda tem a ver com o 63.º aniversário do seleccionador nacional, mas essa não é a única data festiva para Fernando Santos. Amanhã o engenheiro que levou Portugal ao título no Euro 2016 completa três anos desde a estreia aos comandos da equipa portuguesa. O primeiro jogo teve carácter particular e foi uma derrota com a França. Dias depois, já num encontro oficial, a selecção impôs-se à Dinamarca e reentrou na corrida pelo apuramento para o Europeu, que tinha começado mal, com uma derrota embaraçosa diante da Albânia.

Três anos depois, Fernando Santos conseguiu devolver a auto-estima à selecção. Deu a Portugal o histórico primeiro troféu de selecções e exibiu dotes de presciência, quando garantiu que só regressava a casa no final do Euro 2016. “Não podemos dizer, como o fazíamos antigamente, que nunca fomos campeões europeus. Fomos campeões europeus. Isso cria responsabilidade, mas não ganha jogos”, reforçou o seleccionador, perspectivando o embate desta noite com os suíços.

Ao longo destes três anos com Fernando Santos ao leme, a equipa nacional disputou 43 jogos somando 29 triunfos, seis empates e oito derrotas. Marcou 87 golos e sofreu 28, ostentando uma média de posse de bola por jogo na ordem dos 55%. Os resultados também se têm visto na renovação da equipa, com um total de 24 futebolistas a fazerem a estreia absoluta na selecção pela mão do engenheiro – desse lote, 11 integram a actual convocatória (Anthony Lopes, Cédric Soares, José Fonte, Nélson Semedo, Danilo, João Mário, Renato Sanches, André Silva, Bernardo Silva, Gelson Martins e Gonçalo Guedes) e vários já entram no grupo das certezas na equipa nacional.

Certeza mais absoluta do que Cristiano Ronaldo não há: o recordista de internacionalizações (146) e golos (79) da selecção portuguesa está com um rendimento invejável desde que a equipa nacional é liderada por Fernando Santos (32 jogos e 29 golos). Há três dias, em Andorra, o técnico tentou poupá-lo, porque se visse cartão amarelo o madeirense falharia o jogo desta noite contra a Suíça. Mas como o 0-0 resistia foi obrigado a recorrer a ele na segunda parte e Cristiano Ronaldo revelou-se essencial no triunfo por 0-2. Esta noite, em campo a tempo inteiro, é sobre Cristiano Ronaldo que recaem as expectativas de milhões.

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