Um morto e dois feridos em mais um dia com o país a arder

Nada parece travar os incêndios florestais. Esta segunda-feira foi mais um dia negro, com dois bombeiros feridos e um homem encontrado morto numa zona ardida.

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Mario Lopes Pereira

Um homem de 73 anos encontrado morto numa zona onde deflagrou um incêndio florestal no Sabugal e dois bombeiros feridos em Arganil marcam mais um dia em que o país, especialmente a região centro, continuou a arder.

Segundo fonte do Comando Distrital de Operação de Socorro (CDOS) da Guarda, o corpo da vítima mortal "foi encontrado carbonizado no local do incêndio" por uma patrulha da GNR na área da freguesia de Santo Estevão e Moita, no concelho do Sabugal, pelas 11h45 desta segunda-feira. Tudo indica que tenha sido apanhado de surpresa pelas chamas.

Já em Arganil, um Veículo Tanque Táctico Urbano (VTTU) dos Bombeiros Voluntários de Cantanhede despistou-se durante o combate a uma das frentes de incêndio naquela região, causando ferimentos a dois bombeiros, um dos quais em estado grave.

O acidente aconteceu pelas 14h20, junto à localidade de Teixeira, com o camião tanque a cair numa ribanceira com cerca de 30 metros de altura.

Bombeiros feridos

Segundo o comandante Carlos Pereira, da ANPC, os bombeiros, de 41 e 38 anos, sofreram politraumatismos, tendo sido transportados de helicóptero para os hospitais de Coimbra. Não correm risco de vida.

Esta segunda-feira foi mais um dia em que dezenas de incêndios continuaram a fustigar o país, especialmente a região Centro.

Às 16 horas, estavam activos 79 incêndios florestais, combatidos por 2120 operacionais, com o apoio 617 viaturas e nove meios aéreos.

Pelas 19h, com o sol já a pôr-se, a situação não era ainda pior. Por esta altura estavam 2331 homens a combater as chamas, com 683 viaturas e sete meios aéreos.

Os fogos em Pampilhosa da Serra, distrito de Coimbra, onde as chamas ardem desde sexta-feira, continuam a ser considerados como os mais graves. Só aqui, às 19 horas, estavam 628 operacionais, 189 viaturas e três meios aéreos.  

Também esta segunda-feira, a Autoridade Nacional de Protecção Civil (ANPC) e o secretário de estado da Administração Interna vieram a garantir que está no terreno o número de operacionais suficientes para responder aos muitos incêndios que têm ocorrido nos primeiros dias de Outubro.

Redução de meios?

Esta reacção aconteceu depois de, no domingo, Jaime Marta Soares, presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses (LBP), ter acusado as autoridades de terem reduzido os meios de combate, quando se antecipava um mês de risco elevado. Uma opinião partilhada por vários autarcas cujas regiões têm sido atingidas pelas chamas nos últimos dias.

Em causa está a redução de “85% dos meios [humanos e materiais] de combate” aos incêndios na passagem da fase Charlie para a fase Delta (a fase Charlie de combate aos fogos terminou a 30 de Setembro e a fase Delta dura o mês de Outubro), determinado pela ANPC, quando a Liga defendia somente uma redução “entre os 30 e 40%”.

No entanto, a Protecção Civil sublinha em comunicado que os números previstos têm "flexibilidade necessária e suficiente para responder a situações de maior exigência", mas ainda assim sublinha que “foram acrescidas entretanto 50 equipas de combate a incêndios dos corpos de bombeiros, que entraram em funções no dia 1 de Outubro”.

O secretário de Estado da Administração Interna, Jorge Gomes, assegurou igualmente que o combate aos incêndios dos últimos dias não foi prejudicado com a redução de meios, que foi de 40% em relação à época mais crítica.

“O corte dos meios não (…) tem a ver com os incêndios que neste momento vemos e que às vezes queremos fazer uma ligação directa” com o que está a acontecer e a falta de recursos, disse Jorge Gomes, à agência Lusa.

O secretário de Estado adiantou que a 1 de Outubro, com o início da fase Delta, foi feito um “corte de 40%” dos meios de combate em relação à fase mais crítica de incêndios florestais, sendo o corte “devidamente calculado”.

Segundo Jorge Gomes, na última semana de Setembro e ainda durante a fase Charlie registaram-se 490 incêndios, enquanto na primeira semana de Outubro se registaram 870 fogos. Com Liliana Borges e Lusa.

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