Ministério do Interior espanhol prolonga presença de polícias destacados

Após suspensão da sessão de segunda-feira pelo Constitucional, Puigdemont pede para ir ao parlamento catalão na terça. Suíça oferece-se para mediar conversações entre Madrid e Barcelona.

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No pedido de convocação da sessão, o presidente da Generalitat não faz qualquer referência à situação política na Catalunha Albert Gea/Reuters
Trapero, o chefe dos Mossos d'Esquadra, à saída do tribunal
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Trapero, o chefe dos Mossos d'Esquadra, à saída do tribunal Reuters/SERGIO PEREZ

As chefias da Polícia Nacional e da Guarda Civil anunciaram esta sexta-feira às unidades destacadas para a Catalunha que irão permanecer ali mais uma semana.

A Operação Copérnico - nome dado à operação cujo objectivo era impedir a realização do referendo soberanista -  vai prolongar-se até 18 de Outubro, diz um documento do Ministério do Interior a que o jornal El País teve acesso. 

Os próximos dia continuarão a ser de alta tensão na região autonómica que a 1 de Outubro realizou uma referendo sobre a independência - foi declarado inconstitucional pelo Supremo Tribunal espanhol.

O presidente do governo autónomo das Catalunha, Carles Puigdemont, pediu para comparecer no parlamento de Barcelona na terça-feira à tarde. Na quinta-feira, o Constitucional espanhol suspendeu a sessão extraordinária marcada para segunda-feira, receando que fosse feita uma proclamação unilateral de independência, como exigem os partidos independentistas.

No pedido de convocação da sessão para terça-feira, o presidente da Generalitat não faz qualquer referência ao referendo sobre a independência (as autoridades declararam que venceu o "sim"). Para os analistas espanhóis, Puigdemont tenta dessa forma evitar uma segunda suspensão de sessão - a sua presença no Parlament tem como único propósito "informar sobre a situação política".

Porém, como está estabelecido no regulamento do parlamento catalão, a ordem de trabalhos pode ser alterada por proposta do presidente deste órgão, Carme Forcadell, ou dos grupos parlamentares.

Quanto a segunda-feira, não é certo que a sessão não se realize.

Os grupos que defendem a independência mantém, para já, marcada uma manifestação para segunda-feira - o dia em que disseram esperar uma declaração de independência.

Numa entrevista ao jornal Financial Times, o anterior presidente do governo catalão, Artur Mas, acautelou: "Para se ser independente são precisas algumas coisas que ainda não temos", disse Mas, considerando porém que a Catalunha "ganhou o direito a ser independente". "A questão agora é como exercer esse direito. Neste ponto há obviamente decisões a tomar e que devem ter em mente um objectivo: não se trata apenas de proclamar a independência mas de nos convertermos num país independente".

Acusações a Trapero podem aumentar

Logo ao início da manhã desta sexta-feira, o chefe dos Mossos d'Esquadra (a polícia catalã), Josep Lluís Trapero, que está a ser investigado por crime de sedição (é suspeito de não ter acatado as ordens para evitar a realização do referendo), foi interrogado num tribunal de Barcelona.

Os juízes decidiram não pedir, por agora, medidas cautelares nem contra Trapero nem contra os três dirigentes de organizações soberanistas que também foram chamados à Audiência Nacional, a chefe Teresa Laplana (dos Mossos), o presidente da Assembleia Nacional Catalã Jordi Sánchéz, e o líder da Òmnium Cultural, Jordi Cuixart.

Porém, ao início da tarde, a juiza da Audiênia Nacional, Carmen Lamela, fez saber que vai voltar a chamar Trapero, Jordi Sànchez e Jordi Cuixart. O chefe dos Mossos poderá ver as acusações contra si aumentarem, depois de a Guarda Civil ter entregue um terceiro relatório sobre os acontecimentos de 1 de Outubro.

A sessão de Trapero no tribunal durou 40 minutos e, segundo uma fonte citada pelo El País, o chefe da polícia catalã apresentou "descupas não convincentes", e o novo relatório da Guarda Civil pode "determinar em todas as dimensões" a possível responsabilidade penal dos investigados.

Comissário europeu fala em "guerra civil"

O comissário europeu do Orçamento, o alemão Günther Oettinger, considera que Espanha está a caminho de uma guerra civil devido à Catalunha.

"Uma guerra civil está a ser planeada no meio da Europa", disse Oettinger, citado pelo jornal britânico The Telegraph. "A situação é muito, muito má".

"Só podemos esperar que seja aberta uma conversação entre Madrid e Barcelona". O comissário disse que a União Europeia só pode assumir o papel de mediador entre as duas partes "se lhe pedirem".

Puigdemont fez um apelo para que surja uma mediação internacional, o que não agradou ao presidente do governo espanhol, Mariano Rajoy (PP, direita), que teve contactos com a Igreja Católica. 

Entretanto, a Suíça ofereceu-se para fazer a ponte entre Madrid e Barcelona, segundo o jornal La Vanguardia citando a Rádio Televisão Suíça. Diz esta estação de televisão que as autoridades suíças já estão em contacto com ambas as partes.

 

 

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