Governo britânico quer banir o comércio do marfim quase por completo

Proposta do secretário para o Ambiente pede a proibição do comércio de produtos feitos em marfim anteriores a 1947. Reino Unido tornou-se, nos últimos anos, no maior exportador mundial de antiguidades em marfim.

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Reuters/GORAN TOMASEVIC

O Governo britânico prepara-se para proibir quase totalmente o comércio de produtos de marfim, numa tentativa de proteger os elefantes africanos. O Reino Unido tornou-se, nos últimos anos, no maior exportador do mundo de esculturas e antiguidades legais feitas em marfim.

A proposta do secretário para o Ambiente do Governo britânico, Michael Gove, vai proibir a comercialização de produtos de marfim que sejam anteriores a 1947, apesar de prever algumas excepções.

O comércio internacional de marfim é ilegal desde 1990, mas, no Reino Unido, o comércio de antiguidades datadas de antes e 1947 é permitido, bem como produtos criados antes de 1990 desde que sejam certificados pelo Governo. Já em 2016, a então secretária para o Ambiente, Andrea Leadsom, tinha proposto a proibição dos produtos anteriores a 1990, mas a proposta não se materializou.

O executivo de Londres prevê, no entanto, algumas excepções para a proibição: instrumentos musicais; produtos com apenas uma pequena proporção de marfim; artigos com especial valor histórico, artístico ou cultural e nos negócios entre museus.

“O declínio da população de elefantes produzido pela caça ao marfim envergonha a nossa geração. A necessidade de uma acção radical e robusta para proteger uma das espécies mais icónicas e preciosas do mundo é incontestável. Estes planos vão colocar o Reino Unido na frente e no centro dos esforços globais para acabar com o insidioso comércio de marfim”, disse Gove, citado pelo Guardian, recordando que, em média, 20 mil elefantes são mortos todos os anos por caçadores furtivos.

Segundo a Agência Internacional do Ambiente, mais de 36 mil produtos foram exportados, a partir do Reino Unido, entre 2010 e 2015, três vezes mais do que o segundo maior exportador mundial, os Estados Unidos, lembra a BBC.

Agora, a proposta de lei de Gove vai ser analisada durante as próximas 12 semanas, sendo que esta se transformará em proposta de lei apenas no início do próximo ano.

Como recorda também a BBC, foram várias as figuras britânicas que têm realizado campanha contra o comércio do marfim nos últimos anos. Um deles foi o príncipe William que, no ano passado, apelou ao Governo de Londres que aprovasse a legislação para proibir totalmente o comércio de produtos de marfim: “O marfim não é algo para ser desejado e quando removido de um elefante não é bonito (…) Por isso, a questão deve ser: porque é que continuamos a comercializá-lo? Precisamos que os nossos Governos enviem um sinal claro de que o comércio de marfim é abominável”, disse, numa conferência no Vietname.

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