Envolta em controvérsia depois de anunciar o cancelamento de milhares de voos, o presidente-executivo da Ryanair, Michael O'Leary, anunciou esta quinta-feira que iria aumentar o vencimento dos pilotos da companhia aérea.

Numa carta endereçada “a todos os pilotos da Ryanair”, o presidente-executivo promete “melhorias significativas” na companhia aérea low cost. Segunda a Reuters, que cita a carta enviada aos trabalhadores, as melhorias passam por aumentos salariais, progressões na carreira durante o próximo ano e melhorias nas escalas dos pilotos da empresa.

Na carta enviada quinta-feira aos pilotos da empresa, O’Leary garante que a Ryanair vai ultrapassar, em termos monetários e de segurança, as companhias aéreas concorrentes como a inglesa Jet2 e a companhia norueguesa Norwegian Air Shuttle.

Porém, as promessas de O’Leary foram recebidas com cepticismo pela Associação de Pilotos Irlandeses (IALPA, na sigla inglesa), que diz não existirem detalhes sobre o preço que os pilotos poderão vir a pagar por estas promessas.

“Os nossos membros já experienciaram as promessas da Ryanair” e, por isso, “precisamos de considerar cuidadosamente todos os pontos antes de decidirmos qual a nossa resposta”, referiu a associação sindicalista à BBC.

Em declarações ao canal televisivo, um piloto que falou sob anonimato, considerou que as promessas da Ryanair são “o típico padrão”. “É como se fosse 'olhem tão simpáticos que nós somos', depois dão-nos uma cenoura e, em seguida, fazem uma ameaça”, declarou o piloto da companhia irlandesa.

O presidente-executivo promete aumentar entre 5000 e 10.000 euros o vencimento dos pilotos nos quatros aeroportos principais onde a empresa actua. Contudo, O’Leary não exclui os restantes pilotos dizendo que vai negociar com os trabalhadores dos outros aeroportos.

Michael O’Leary garantiu ainda um bónus de fidelidade para os que permaneçam na companhia durante os próximos 12 meses. De acordo com a Reuters, esse valor vai variar entre 6000 e 12.000 euros.

O anúncio de aumentos salariais aos cerca de 4200 pilotos da empresa surge numa altura em que o pessoal de cabine da companhia aérea se prepara para avançar com uma greve. Os pilotos da Ryanair ponderam ainda trocar a empresa por concorrentes, escreve o britânico The Telegraph.

Apesar disso, O’Leary pede aos pilotos que permaneçam na companhia “para um futuro mais brilhante”. O responsável da companhia irlandesa referiu ainda que a Ryanair é “um empregador muito seguro, numa indústria insegura”, vincando que os seus pilotos “são os melhores da indústria”.