Relvas apoia Rangel, se Montenegro não avançar

Ex-líder parlamentar só hoje dirá se é candidato. Rangel está em silêncio, mas já tem certo um apoio de peso: Miguel Relvas. No passismo, contam-se argumentos contra Rui Rio.

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Nuno Ferreira Santos

Noite fora, meio PSD aguardava ainda aquela palavra final de Luís Montenegro. O homem por quem meio partido espera ainda não tinha comunicado aos seus mais próximos se vai, ou não, ser candidato à liderança. Mas já ninguém tem dúvidas de que os seus apoiantes têm um plano B seguro, para o caso de não o ser: Paulo Rangel, vice-presidente do PPE e ex-adversário de Passos, tem até garantido um apoiante de peso - Miguel Relvas, ex-comandante da candidatura de Passos em 2010 contra... Paulo Rangel.

Segundo confirmou o PÚBLICO, o ex-ministro, um homem ainda com peso no aparelho social-democrata, não hesitará em dar uma ajuda a Rangel, correspondendo ao sentimento comum à maioria dos que se mantiveram próximos de Passos Coelho: o objectivo é remar contra Rui Rio, tentando evitar o que é visto como uma viragem total da estratégia do partido. Numa entrevista ao Expresso, Relvas já tinha mostrado que essa era a prioridade: "Rui Rio teve dois momentos: devia ter sido candidato quando foi Ferreira Leite - e não quis. E quando Passos o convidou para candidato à Presidência - também não quis". 

Na quarta-feira, Hugo Soares (o actual líder parlamentar do partido, sucessor e amigo de Montenegro) deu sinal de que também o PSD pró-Passos está alinhado neste objectivo, numa ida à SIC-Notícias: "O dr. Rui Rio parece-me ter-se vindo a preparar... Confesso que, numa primeira impressão, ele traz aquilo que o PSD no passado teve (...). O PSD não precisa de mudar. O PSD precisa de credibilizar a sua mensagem política, de reforçar a sua mensagem política", afirmou, já depois de dizer que "quem suceder a Passos Coelho e entender que deve fazer uma ruptura está a cometer um erro crasso, está a perder o eleitorado que deu uma vitória ao PSD". 

Quanto a Paulo Rangel, já deu vários sinais de que está atento e à espera de uma oportunidade. Num artigo no PÚBLICO, na terça-feira do Conselho Nacional da demissão do líder, o eurodeputado escreveu que o PSD não seguir num caminho de recriminação do passado" e disparou contra parte do discurso de Rui Rio nos últimos meses, que põe em causa a excessiva autonomia do Ministério Público: "O PSD tem de ser inflexível na defesa da independência dos tribunais e da liberdade de imprensa e de expressão". Já na reunião, disparou contra a lógica de bloco central que muitos atribuem ao ex-autarca (significando aproximação a António Costa e uma ruptura total com a estratégia de Passos). Isso valeu-lhe um apoio imediato: o de Marco António Costa, outro dos que acompanharam o ainda líder do princípio ao fim. 

Mas se o PSD se confronta com o seu futuro posicionamento, também do lado do CDS já se fazem contas. Na noite desta quinta-feira, na Quadratura do Círculo, na SIC-Notícias, Lobo Xavier foi direitinho ao objectivo de Assunção Cristas, que é tentar apanhar para o partido parte do eleitorado social-democrata (como aconteceu em Lisboa, nas autárquicas): "Até aqui, o CDS preferia que o PSD tratasse do centro e do centro-esquerda, que o CDS tratava da direita. Ora, nos próximos tempos não sei se será assim. Não ouvi um candidato nem um discurso do PSD que pareça mais eficaz, gerando mais empatia no centro do que o de Assunção Cristas. Pelo modo como pensa, pelo modo como age. Vamos assistir a um tempo um pouco diferente. Há soluções no PSD que são claramente mais à direita do que Assunção Cristas", disse o actual conselheiro de Estado, ex-dirigente centrista. 

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