A única coisa que se sabe é que o massacre de Las Vegas foi meticulosamente planeado

Câmaras instaladas, 23 armas, algumas delas com um dispositivo que permite disparar centenas de tiros por minuto, e um quarto de hotel reservado três dias antes de um concerto. Paddock tinha planeado o massacre com antecedência e meticulosamente. Porquê? Não se sabe.

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Ao fundo, o Mandalay Bay, o hotel de onde Paddock realizou o ataque Reuters/LUCY NICHOLSON

Um homem reserva um quarto de hotel numa quinta-feira. Chega, com pelo menos dez malas, contendo 23 armas e explosivos, e câmaras para instalar um autêntico sistema de vigilância em redor do quarto, bem como um aparelho que permite a uma arma semiautomática disparar centenas de tiros por minuto. O sinal de “não incomodar” fica na porta do quarto desde o dia da sua entrada. E, três dias depois, no domingo à noite, 58 pessoas morrem e mais de 500 ficam feridas durante um concerto. Tudo isto comprova que o homem, Stephen Paddock, tinha tudo meticulosamente preparado para o objectivo final desde que entrou no Mandalay Bay, em Las Vegas: matar o maior número de pessoas e o mais rapidamente possível antes de ser travado. O porquê, ainda está por responder.

Estas informações foram prestadas pelas autoridades nos últimos dias. O plano de Paddock, de 64 anos, está praticamente todo revelado e escrutinado. As câmaras - uma instalada na porta do quarto, as outras duas no corredor, sendo que uma delas foi colocada numa mesa de serviço – serviam, aparentemente, para vigiar quem se aproximava e que pudesse travar a carnificina. E pode ter sido esse sistema de vigilância que fez com que se suicidasse antes de a polícia entrar pelo quarto.

Mas antes de a polícia chegar, era necessário cumprir o objectivo. O de matar o maior número de gente em contra-relógio. Ora, segundo a polícia de Las Vegas, 12 das armas encontradas no quarto de Paddock no 32.º andar no Mandalay Bay estavam equipadas com um dispositivo que permite uma arma disparar centenas de tiros por minuto. Este tipo de equipamento é legal e pode ser comprado por valores a rondar os cem dólares (cerca de 85 euros). E foi isso que o permitiu cumprir o objectivo e matar 58 pessoas (o balanço de mortos até agora é de 59, mas esse número inclui o atirador), disparando ininterruptamente durante nove a 11 minutos, e cometer o maior massacre da história dos Estados Unidos.

Segundo relatou um funcionário do hotel ao New York Times, Paddock entrou na unidade na quinta-feira e manteve o sinal “não incomodar” na porta desde então. Por isso, ninguém do staff entrou no quarto. Até porque, quando esse sinal está colocado, as empregadas apenas podem entrar nos quartos em questão acompanhadas por um segurança, o que raramente acontece. De acordo com o mesmo funcionário, Paddock levou cerca de dez malas. Mas nunca teve um comportamento que levantasse suspeitas.

Porém, há muitas perguntas para responder. Desde logo, e é algo sobre o qual estão concentradas as autoridades neste momento, perceber se Paddock teria planeado outro ataque em Las Vegas antes do massacre sobre o público de um concentro de música country, explicou uma fonte oficial da investigação ao New York Times.

Além disso, é necessário perceber as motivações. E isso continua um completo mistério, apesar de o Daesh ter reivindicado o ataque. Para se chegar a alguma conclusão, a namorada de Paddock, Marilou Danley, poderá oferecer algumas pistas sobre o que iria na cabeça do atirador. Danley, que estava nas Filipinas, chegou esta terça-feira à noite a Los Angeles e foi recebida pelos investigadores. O xerife Joseph Lombardo, da polícia metropolitana de Las Vegas, garantiu que Danley não é suspeita mas sim “uma pessoa de interesse” para a investigação.

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