Coimbra transforma uma tragédia num doce

Produtores da cidade recriaram o pastel "Pedro e Inês", a propósito dos 650 anos da morte do monarca. E apresentam-no na mostra de doces do fim-de-semana.

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Coimbra dedica um fim-de-semana aos doces conventuais pelo nono ano consecutivo Diogo Baptista

Tal como o mito de D. Pedro e Inês de Castro tem os ingredientes certos das histórias intemporais, também o doce que será apresentado no sábado, em Coimbra, promete ter o que é preciso para se tornar uma referência na cidade.

Baptizado “Pedro e Inês”, o doce será revelado na Mostra de Doçaria Conventual e Regional, cuja nona edição decorre no fim-de-semana, no Quartel da Brigada de Intervenção, antigo Convento de Sant’Anna, junto ao Estabelecimento Prisional de Coimbra. A entrada (sábado, a partir das 14h, domingo a partir das 11h) é gratuita.

Os criadores incluíram ingredientes típicos da doçaria conventual local, com especial ênfase para a gema de ovo – à qual neste caso é acrescentado requeijão, laranja e especiarias como canela, revela Arnaldo Baptista, proprietário da pastelaria Vasco da Gama e um dos 12 membros da Associação de Doceiros de Coimbra (Adoc), da qual é presidente.

“A gema de ovo era muito utilizada nos conventos para este fim porque era um subproduto do ovo, do qual se aproveitava sobretudo a clara”, descreve Baptista.   

Em Coimbra já havia um doce com o nome Pedro e Inês, acrescenta o mesmo responsável, mas a receita foi trabalhada e “melhorada”, com o objectivo de responder ao desafio lançado, em 2016, pela autarquia local, de se criar um doce por ocasião dos 650 anos da morte de D. Pedro, que se assinalaram em Janeiro. Não é a primeira vez que a Adoc produz uma receita por encomenda: em 2016, a associação (fundada em 2012 e com 12 empresários associados) criou a “Rosa da Rainha”, uma pequena tarte em forma de rosa, dedicada aos 500 anos da beatificação de Isabel de Aragão e para o qual a cidade recorreu a outro produto típico da doçaria local, a laranja.

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A forma é semelhante à do pastel de nata DR/Adoc

A morte de D. Pedro, cujo amor por Inês de Castro terminou de forma trágica segundo a lenda, inspira assim a renovação de uma iguaria que tem a mesma forma do pastel de nata, mas que se distingue deste pela sua massa e, acima de tudo, pelo seu recheio, que inclui também limão, por exemplo.

O presidente da Adoc salienta a importância deste tipo de iniciativas, com ingredientes iguais aos do passado, invocando a necessidade de "manter e valorizar a autenticidade dos doces de uma determinada época" e, em simultâneo, permitir "novas criações que se identifiquem" com as mesmas características.

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