REN conclui compra da EDP Gás por 532 milhões

EDP reafirma compromisso de redução da dívida do grupo com encaixe do negócio.

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REN vai passar a ser responsável pela distribuição de gás em 29 concelhos do litoral norte Miguel Manso

A EDP e a REN anunciaram esta quarta-feira que o negócio de venda da EDP Gás já está concluído. A operação de 532 milhões de euros foi anunciada no início de Abril e vai permitir à empresa liderada por Rodrigo Costa juntar a actividade regulada de distribuição de gás natural à do transporte de energia.

Na nota enviada esta tarde à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), a REN refere que a transacção foi financiada com recurso a linhas de crédito e “é expectável” que seja “parcialmente refinanciada” através de um aumento do capital social.

Quando anunciou o negócio, a REN explicou que pretendia recorrer a financiamento e a um aumento do capital de até 250 milhões de euros em dinheiro. O capital da REN é detido maioritariamente pela empresa estatal chinesa State Grid (25%) e pela Oman Oil (15%). Os chineses da Fosun, que são os maiores accionistas do BCP, têm uma posição de 5% através da Fidelidade.

A conclusão da operação foi precedida de decisão de não oposição da Autoridade da Concorrência e da autorização do Governo para autonomizar o comercializador de último recurso de gás natural, a EDP Gás Serviço Universal, do perímetro da EDP Gás.

Com esta operação passaram para a esfera da REN a EDP Gás Distribuição (cuja área de concessão abrange 29 concelhos, nos distritos do Porto, Braga e Viana do Castelo) e a EDP Gás GPL, um negócio de comércio de gás de petróleo liquefeito, que está fora da actividade estratégica da REN, focada em activos de rede.

A EDP (que vai manter a carteira de clientes de gás natural) recordou, no comunicado enviado ao mercado, que a operação vai contribuir para a redução do endividamento, que no final do primeiro semestre estava perto dos 17.000 milhões de euros.

“Esta transacção ocorre no seguimento do plano de negócios anunciado em Maio de 2016, o qual comportava oportunidades para alienações de activos e resultará numa redução de dívida líquida de 536 milhões de euros no presente ano”, anunciou a empresa.

Uns dias antes de divulgar o negócio com a REN, a EDP já tinha anunciado a venda da Naturgas em Espanha, por 2700 milhões. O presidente da EDP, António Mexia, revelou mais tarde, em entrevista ao Dinheiro Vivo, que a empresa pretendia canalizar 800 milhões de euros do encaixe para abater à dívida.

A EDP é controlada pela China Tree Gorges, que recentemente investiu mais 200 milhões de euros no reforço da posição accionista, que passou de 21,35% para 23,26%. Isto eleva a posição do Estado chinês na eléctrica portuguesa a 26,28% do capital, tendo em conta que a empresa estatal CNIC detém outros 3,02% das acções.

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