Em vésperas do Conselho Nacional, que decorre esta terça-feira à noite, a distrital do PSD-Porto apressou-se a fazer um primeiro balanço das eleições autárquicas de domingo que não foi nada positivo para a actual liderança. E ninguém saiu em defesa de Pedro Passos Coelho.

Segundo o PÚBLICO apurou, um deputado chegou mesmo a defender que Passos Coelho se deveria demitir por considerar que não tem condições para liderar o partido. Mas o momento mais alto da reunião desta segunda-feira aconteceu quando o presidente derrotado da Câmara de Felgueiras, Inácio Ribeiro, disse que Passos passou por Felgueiras no último dia da campanha para lhe “abrir a cova”. O social-democrata perdeu para a presidência da câmara para uma coligação dos socialistas e do Livre, falhando a terceira eleição.

Na altura, houve quem acrescentasse que “por onde Passos esteve em campanha os resultados correram mal”, como aconteceu, por exemplo no Porto, onde o PSD ficou em terceiro lugar (com 10,39%) ou em Paredes, cuja câmara os sociais-democratas perderam por uma diferença grande (30,98%) a favor do PS (50,35%).

Eleito pela primeira vez em 2009 e reeleito em 2013, Inácio Ribeiro foi muito contestado durante este mandato não apenas pela população, mas também pelos sociais-democratas, tendo-se incompatibilizado com algumas pessoas que estiveram na origem da sua eleição.

O PÚBLICO contactou o ex-autarca de Felgueiras, mas Inácio Ribeiro recusou comentar, afirmando apenas estar “num momento de reflexão”. “Eu não vou comentar o que se passou na reunião da distrital, estou num momento de reflexão. Tenho de respeitar a vontade dos eleitores de Felgueiras”, declarou Inácio Ribeiro sem revelar se pretende assumir o seu lugar de vereador na autarquia.

No último dia de campanha, o presidente do PSD esteve no Porto, seguindo depois para a Lixa e pouco depois para Felgueiras, onde encerrou a campanha eleitoral das autárquicas fora dos tradicionais banhos de multidão. Os jornalistas estranharam a opção de Passos para realizar o seu último comício e questionaram sobre isso.

No seu discurso, o líder do partido justificava a escolha, afirmando que o PSD “não olha mal para as grandes cidades”, mas “não olha de maneira desconfiada para o resto do país como se o resto do país não contasse”. ”Quem acha que o mundo em Portugal ainda se divide entre os rurais e os urbanos engana-se muito, o que nós queremos é um país com mérito, que se esforce e trabalhe, seja em Felgueiras, seja no Porto, seja em Lisboa, seja em Beja, seja, em Faro, seja em Bragança”, defendeu. E vaticinou: “Valeu a pena esta campanha eleitoral e vão valer a pena os próximos quatro anos”. O partido não parece partilhar deste vaticínio do líder social-democrata.