Boris Johnson fez vénia a May e garantiu que Governo está unido

Apesar do desaire eleitoral, das divergências sobre o "Brexit" e da queda nas sondagens, não houve desafios a May no congresso anual dos conservadores.

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Boris assegurou que apoia “cada sílaba” do discurso que May fez em Florença HANNAH MCKAY/REuters

Depois de dois artigos incendiários nos jornais, em que procurou distanciar-se do rumo que Theresa May tenta dar às negociações com a União Europeia, Boris Johnson fugiu à polémica e, do pódio do congresso anual dos conservadores, saiu em defesa da primeira-ministra britânica e assegurou (contra todos os sinais) que o Governo está unido naquilo que pretende para o “Brexit”.

May só discursará nesta quarta-feira, mas depois de três dias de congresso é já claro que a líder conservadora sairá de Manchester sem que nenhuma das conspirações noticiadas nos dias seguintes à hecatombe eleitoral de Junho – quando o partido perdeu a maioria que detinha no Parlamento – se concretizasse, nem que nenhum dos aspirantes ao seu lugar tenha ousado desafiá-la directamente.

Boris Johnson, ministro dos Negócios Estrangeiros, porta-estandarte do “Brexit” e eterno candidato a futuro líder conservador, fez um discurso recheado de ataques à agenda socialista de Jeremy Corbyn, o líder dos trabalhistas agora à frente nas sondagens, e de palavras de optimismo sobre o futuro do Reino Unido fora da UE – “Deixem o leão rugir”, foi o título da muito aplaudida intervenção.

Mas depois das críticas de ministros e dirigentes tories, deixou na gaveta as “linhas vermelhas” para as negociações com a UE que traçou sábado nas páginas do Sun e garantiu que o actual Governo apoia “cada sílaba” do discurso de Florença em que May fez algumas cedências à UE a fim de quebrar o impasse nas negociações. Boris fez também questão de lembrar que, apesar do bom momento do Labour, foi “Theresa May quem ganhou as legislativas” e “todo o país está em dívida com ela pela firmeza com que ela está a fazer avançar o país na direcção de um grande acordo de ‘Brexit’”.

A primeira-ministra tinha já tentado esvaziar a polémica, assegurando numa entrevista à BBC que não quer estar rodeada de “yes men” e que um verdadeiro líder precisa “de ter um grupo de pessoas com diferentes opiniões à volta da mesa, para que seja possível discutir, chegar a um acordo e avançar com uma posição”. É exactamente isso que temos feito”.

Mas fora de portas nem todos concordam que a diversidade de opiniões audível fora dos gabinetes ministeriais seja bem-vinda. No Parlamento Europeu, que esta quarta-feira votou uma resolução muito crítica do andamento das negociações, o líder do Partido Popular Europeu, Manfred Weber pediu a May que demita Johnson, a bem das negociações. “O Governo britânico continua enredado nas suas próprias querelas partidárias e contradições políticas. Precisamos de uma resposta clara sobre quem é responsável pela posição britânica”, afirmou o eurodeputado alemão. 

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