Candidatos mostraram diferenças de andamento e fulgor físico

Sinais de superioridade do FC Porto confirmados com boa exibição no “clássico” em Alvalade. Desgaste físico pesou no Sporting e Benfica continua a debater-se com problemas e falta de opções

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LUSA/ANTÓNIO COTRIM

Se há conclusão que pode tirar-se após a jornada que trouxe o primeiro embate entre candidatos ao título é que o FC Porto aparenta ter, nesta altura, um andamento superior aos rivais. O Sporting acusou o desgaste físico no “clássico” de Alvalade, que terminou 0-0 e deixou tudo na mesma no topo da classificação da I Liga. Quanto ao Benfica, continuou a debater-se com dificuldades: não conseguiu aproveitar o nulo entre Sporting e FC Porto, ao empatar no terreno do Marítimo (1-1), e ocupa a terceira posição, a três pontos dos “leões” e a cinco dos “dragões”. Segue-se uma pausa de três semanas no campeonato (a selecção joga no sábado com Andorra e na próxima terça-feira com a Suíça, e depois há jogos da Taça de Portugal).

“Nenhum dos resultados me surpreendeu. O ‘clássico’ é sempre um jogo de ‘tripla’. Olhando para o que foi a semana das duas equipas, era natural que o FC Porto pudesse aparecer com maior fulgor do que o Sporting. Em relação ao Benfica, era expectável até pelo que o Marítimo tem feito com o Daniel Ramos, sem derrotas em casa. O Marítimo imprimiu um ritmo muito forte ao jogo e o Benfica não conseguiu sair daquelas dificuldades que tem sentido”, notou o treinador de futebol e comentador desportivo Daúto Faquirá, em conversa com o PÚBLICO.

Com oito vitórias, um empate e uma derrota em jogos oficiais esta época, o FC Porto vai consolidando um estatuto que poucos lhe atribuiriam antes do início das competições. “Tem sido uma agradável surpresa a forma como o Sérgio Conceição tem aproveitado os recursos que tem. Em tese era a equipa com menos soluções, mas o aproveitamento dos jogadores proscritos tem mostrado que quando os jogadores se sentem úteis mostram coisas de que não estávamos à espera”, sublinhou Daúto Faquirá, dando como exemplo as opções que o treinador portista tem para o meio-campo: “Tem Danilo, Herrera, Óliver Torres, Otávio, Sérgio Oliveira, André André. No Sporting jogaram Bruno Fernandes, William Carvalho e Battaglia. E Jorge Jesus ainda tem Petrovic, Palhinha e Mattheus, que não têm dado conta do recado.”

A falta de opções é um problema que também aflige Rui Vitória. “Pode lamentar não ter feito finca-pé, porque o Benfica precisava de mais um central e de um médio diferente, um jogador que chegasse para jogar. O Benfica tem dificuldade em colmatar as ausências de Fejsa e sente a falta de um segundo central, isso tem sido patente. E também não geriu muito bem a situação do guarda-redes. A abordagem ao mercado não foi a mais adequada”, frisou Daúto Faquirá, considerando que o registo dos “encarnados” de uma vitória nos últimos seis jogos é reflexo de um plantel que “não está dimensionado para atacar as três ou quatro frentes em que o clube está envolvido. É suficiente para consumo interno, mas o Benfica não está só nas competições internas.”

A presença nas competições europeias teve implicações no desempenho do Sporting frente ao FC Porto, analisou Daúto Faquirá: “O dia de descanso a menos foi preponderante. Teve um desgaste físico e emocional grande no jogo com o Barcelona, andou muito tempo atrás da bola e teve de jogar no limite em termos de organização colectiva. Percebeu-se que entrou com menor fulgor e isso foi patente em inúmeras perdas de bola e passes errados. Até o Mathieu falhou muitos passes para o Jonathan Silva, por exemplo. Os erros do Sporting foram erros não provocados. O Sporting tinha a vantagem do factor casa, mas isso diluiu-se e o empate era expectável.”

A paragem competitiva terá benefícios e prejuízos, concluiu Daúto Faquirá. “Para quem está à frente e com dinâmica de sucesso, como o FC Porto, parar não é agradável. Para o Benfica é o inverso: tem jogadores a procurar a melhor forma e a paragem será benéfica para avaliar o plantel, perceber as lacunas e, com tempo, perspectivar as necessidades para o mercado de Inverno.”

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