PS sem maioria absoluta em Coimbra

Manuel Machado mantém o número de mandatos. PSD perde um vereador e há trocas entre movimentos.

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LUSA/PAULO NOVAIS

O socialista Manuel Machado já tinha anunciado a vitória por volta das 22h30 de domingo, mas restava saber por quanto. O autarca que em 2013 regressou à câmara que tinha presidido durante a década de 1990 manteve praticamente a mesma votação em relação às eleições passadas, ao obter 35,46% dos votos.

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Foi preciso esperar até de madrugada de segunda-feira para conhecer a composição do executivo. Só por volta das 2h30 de segunda-feira foram divulgados os resultados da freguesia de Santo António dos Olivais, a mais populosa do concelho.

O PSD, que apostou em Jaime Ramos e numa coligação com o CDS-PP (os centristas avançaram sozinhos em 2013) para recuperar a câmara que foi laranja entre 2001 e 2013, perdeu um vereador, elegendo três. O cabeça de lista já tinha dito que era candidato a presidente, pelo que vai abdicar da vereação.

Nos movimentos independentes, também há novidades. O Somos Coimbra, do ex-bastonária dos médicos, José Manuel Silva, elegeu dois vereadores, ao atingir 16,06% da votação e entra directamente para terceira força no executivo camarário.

O movimento Cidadãos por Coimbra, que tinha o apoio do Bloco de Esquerda e que elegeu um vereador há quatro anos, não conseguiu repetir o feito e perdeu a representação na câmara – 7% dos eleitores votou em Jorge Gouveia Monteiro, o que não chegou para o bloquista ser eleito.

A CDU mantém o vereador Francisco Queirós, que vai integrar o executivo pela terceira vez. Ainda assim, os comunistas passaram de 11,11% para 8,30%.

O candidato reconhecia isso mesmo quando faltava apurar o resultado de três freguesias, ao referir que “não alcança completamente os objectivos”, que passava por reforçar o número de votos e de eleitos.

“As pessoas de Coimbra escolheram o futuro com base num passado recente”, disse Jaime Ramos. Tal como repetiu durante a campanha, o antigo autarca de Miranda do Corvo afirmou que “Coimbra está num declínio muito grave”, mas admite que os eleitores tenham uma leitura diferente: “As pessoas de Coimbra estão satisfeitas com elas, com a cidade e com o doutor Manuel Machado.” Depois de quase ter avançado em 2001 (Carlos Encarnação acabaria por ser o candidato laranja e ganhou a câmara a Manuel Machado), o também antigo governador civil da Coimbra diz que não voltará a candidatar-se ao cargo.

Para José Manuel Silva, que falava quando a eleição de um segundo elemento da lista era apenas uma forte possibilidade, este foi “um excelente resultado” que “consolida o movimento”. Ter dois vereadores “permitirá um trabalho camarário que irá desenvolver a candidatura durante os quatro anos”, referiu, sublinhando que a candidatura Somos Coimbra “nunca foi um projecto de curto prazo”.

Jorge Gouveia Monteiro, que já tinha sido eleito pela CDU entre 1998 e 2009, acaba por não entrar para o executivo pelo CpC. Em 2013, o Cidadãos por Coimbra elegeu José Augusto Ferreira da Silva para vereador, que acabaria por pedir a demissão já no último ano de mandato por divergências no seio do movimento. O candidato prestava declarações aos jornalistas num momento em que ainda era possível ser eleito, e apontava um conjunto de factores para este “resultado mais modesto” que o esperado. “O PS incha a nível nacional, o que sopra mais do que a brisa local”, interpretava, referindo também que “pode ter havido enganos de que votar no Gouveia Monteiro é votar noutro símbolo que não o do CpC”.

Socialistas obrigado a conversar

Perante a distribuição de mandatos, os socialistas vão ter que fazer entendimento em Coimbra. Na declaração de vitória, quando ainda não sabia se chegaria à maioria absoluta, Manuel Machado foi cauteloso e disse que “todos são convidados a trabalhar” e que “esta disponibilidade não exclui ninguém à partida”.

O futuro do PSD na câmara não passa por Jaime Ramos mas, quando questionado sobre se os sociais democratas fariam acordos com o PSD, o candidato disse apenas que “o PSD é um partido muito responsável” que “vai seguramente colaborar com a gestão da CMC de acordo com a sua perspectiva”.

“Nos diversos órgãos autárquicos estamos disponíveis para ajudar a governar os concelhos”, diz Francisco Queirós, negando no entanto ter feito acordo com os socialistas ao longo dos últimos quatro anos. O vereador falava quando os resultados ainda não eram definitivos, mas referia que já havia reuniões marcadas para fazer essa análise.

José Manuel Silva é mais taxativo: “somos independentes, não seguimos nenhuma lógica partidária de acordos ou coligações”. O ex-bastonário garante que não será “muleta de ninguém” nem passará “cheques em branco”. 

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