Há polícias contra políticas e polícias a defender polícias

Na Catalunha, grita-se contra a Polícia Nacional e a Guardia Civil.

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Reuters

Na Catalunha, grita-se contra a Polícia Nacional e a Guardia Civil. Mas no resto de Espanha há quem queira ver dissolvida a polícia catalã.

Domingo, a página de Twitter das Associações Nacionais da Guardia Civil espanhola (polícia militar) não parou de publicar acusações contra os Mossos d’Esquadra, a polícia catalã. Imagens de carros dos Mossos cobertos de flores ou de um agente a comer uma sanduiche, ao lado de fotos de membros da Guardia Civil a retirar à força pessoas e urnas de escolas que funcionavam como assembleias de voto.

Os Mossos, grita-se pelas ruas de Barcelona “são nossos, os outros são de fora”. Os Mossos tinham ordens para impedir um referendo que a Justiça e o Governo central dizem ser ilegal e não o fizeram. Avisaram que não desalojariam escolas se isso pusesse em causa a segurança de pessoas, principalmente crianças e idosos. E foi isso que encontraram em cada escola que visitaram, muita gente, algumas crianças, e sempre pessoas mais velhas, que fizeram questão de passar a noite de sábado para domingo no interior das escolas, precisamente para impedir que fossem encerradas.

Espanha está dividida, agora também em relação às polícias. Domingo, já se ouviram membros de partidos nacionais admitir a dissolução dos Mossos, que a Procuradoria-Geral do Estado quer investigar por “inacção”. Entretanto, um cidadão de Badajoz, Juan Manuel Salguero, lançou uma petição a pedir precisamente que esta força seja dissolvida. Em menos de um dia, já tinha reunido mais de 170 mil assinaturas online. “Se não nos defendem, para que servem?”, pergunta.

A proposta de Salguero é dirigida ao Ministério do Interior e pede que os perto de 17 mil Mossos sejam integrados na Guardia Civil ou na Polícia Nacional Espanhola.

O ministro do Interior, Juan Ignacio Zoido, defende que a acção dos agentes enviados por Madrid para a Catalunha foi “adequada e proporcional”. E o secretário de Estado da Segurança, José Antonio Nieto, publicou nas redes sociais fotografias suas com membros da Polícia e da Guardia Civil, que fez questão de visitar visitou na Catalunha para lhes transmitir o seu “agradecimento e admiração”.

Calha que a presidente da Eurocop, que representa meio milhão de agentes de diferentes sindicatos de polícias de toda a Europa, seja actualmente uma catalã, membro dos Mossos. Angels Bosch lamentou que “o fracasso político” na busca de uma solução para a questão da Catalunha tenha levado a “uma perda monumental de confiança dos cidadãos face às forças de segurança”.

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