Os cinco melhores momentos de Saturday Night Live com Ryan Gosling

A instituição da comédia norte-americana voltou para a 43.ª temporada e o actor canadiano foi o apresentador.

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Ryan Gosling irritado com a escolha de tipo de letra do filme Avatar, de James Cameron DR

Para a estreia da 43.ª temporada da instituição da comédia norte-americana que arrancou em 1975, o apresentador convidado foi Ryan Gosling. O actor canadiano voltou no sábado à noite ao programa onde já tinha impressionado no final de 2015, para promover Blade Runner 2049, o seu novo filme. Gosling gozou com a noção de alguém como ele tentar salvar a arte do jazz em La La Land e com o tipo de letra usado em Avatar. Ainda houve espaço, claro para Alec Baldwin como Donald Trump e paródias a reality shows de modificação e venda de casas.

As actuações de Jay-Z, o convidado musical que foi promover o seu último álbum, 4:44, trouxe Damian Marley para o ajudar em Bam, envergou uma camisola de futebol americano a dizer “Colin K”, em solidariedade com Colin Kaepernick, o jogador que ousou ajoelhar-se durante o hino americano na NFL para protestar contra a violência policial, e ainda interpretou The Story of O.J. ainda não chegaram à internet. Aqui ficam os melhores cinco momentos:

Para começar: Alec Baldwin não faz o melhor Donald Trump da comédia – tal título cabe a Anthony Atamanuik, que faz o papel do presidente no talk show diário da Comedy Central The President Show –, e a presença dele no programa terá mergulhado Darrell Hammond, que foi Trump em Saturday Night Live durante quase 18 anos, se sentiu posto de lado, num profundo choque. Além disso, é complicado esperar que a comédia mais pungente contra Trump venha deu um programa que, ainda em 2015, teve o presidente como apresentador, produzido pela mesma pessoa, Lorne Michaels, que está nos bastidores do Tonight Show onde Jimmy Fallon afagou o cabelo do agora presidente. Mesmo que o próprio odeie agora o programa. Ainda assim, o Trump de Baldwin não deixa de ser sólido e ter piada.

Era natural que o programa arrancasse com ele – não há dia em que não esteja nas notícias –, desta feita a focar-se na desastrosa resposta à tragédia do furacão Maria em Porto Rico, e a forma como pedidos de ajuda se transformam em oportunidades para insultos, assente na interacção entre o presidente e a Sarah Huckabee Sanders da subvalorizada Aidy Bryant.. Ainda houve espaço para o Jeff Sessions de Kate McKinnon – que também fez de Angela Merkel em Weekend Update, parte do programa em que um dos pivôs, Michael Che, também esteve em boa forma a atirar contra Trump –, uma força da natureza que é facilmente a pessoa mais talentosa e hilariante de todo o elenco e eleva qualquer sketch – a forma como Ryan Gosling não se conseguia parar de rir durante a sua prestação num segmento não inspirado que viria pouco depois é exemplo disso –, bem como o Chuck Schumer de Alex Moffat.

Apesar de ter quebrado várias vezes e partido a rir-se durante o episódio, Ryan Gosling é um actor dotado para a comédia, como qualquer pessoa que tenha visto Bons Rapazes, o filme de 2016 de Shane Black que vai ser transformado numa série com mulheres, ou a última vez que ele apresentou Saturday Night Live no final de 2015, sabe. O monólogo auto-depreciativo de Gosling foi todo à base do seu La La Land e a ideia de que ele, um homem branco canadiano, e a sua personagem no filme de Damien Chazelle salvou o jazz e é a pessoa ideal para explicar o que é ao certo esse género musical. E quase mais nada, só a mencionar brevemente o novo Blade Runner que Gosling foi ao programa promover.  É daquelas piadas que, logo que começam a ficar repetitivas, dão a volta e mantêm-se hilariantes. Além da aparição do veterano Kenan Thompson, que faz sketches desde a adolescência, houve um cameo de Emma Stone, que já apresentou o programa três vezes e até apareceu no especial do 40º aniversário.

A forma como marcas por vezes se aproveitam de causas sociais para vender produtos – e pessoas para se promoverem a elas próprias – pode ser um terreno fértil para comédia, como prova este sketch que usa alguns dos novos membros do elenco. São três: Chris Redd, que impressionou como o rapper Hunter the Hungry em Popstar: Never Stop Never Stopping, o filme em formato mockumentary que o trio Lonely Island lançou no ano passado e não teve estreia entre nós, e apareceu em séries como Love ou Wet Hot American Summer: 10 Years Later, Heidi Gardner, da trupe/escola de comédia de improviso de Los Angeles Groundlings, donde saíram inúmeros membros do elenco de SNL desde os primórdios e Luke Null, que fazia comédia no iO Theater, em Chicago. Redd e Gardner aparecem aqui, num falso anúncio de um novo modelo de Levi’s que não tem género e cabe em qualquer corpo.

Mikey Day, Alex Moffat e Ryan Gosling são três irmãos que encontram casas para os concorrentes num reality show à moda de Property Brothers. Day é o cérebro, Moffat trata dos trabalhos manuais, enquanto Gosling só quer falar do passado trágico da família. É essa a premissa deste sketch que se torna bastante sombrio bastante depressa. As reacções de Day e Moffat ao que Gosling vai dizendo são impagáveis.

A anos-luz de todos os outros em termos de qualidade, o melhor segmento de todo o episódio, uma curta escrita pelo hilariante Julio Torres e protagonizada por Gosling sobre um homem obcecado com o facto de Avatar, o filme de James Cameron que saiu em 2009, ter usado, como tipo de letra do título e dos créditos, Papyrus, um tipo básico que vem com programas da Microsoft e com o sistema operativo Mac OS. Cecily Strong faz da companheira dele, Kate McKinnon da terapeuta, Chris Redd um amigo a quem ele tenta provar uma conspiração – e diz que claramente modificaram ligeiramente o tipo de letra para o filme –, a novata Heidi Gardner como uma mulher que o vê a ser stalker do designer do filme – o sempre estranho e brilhante Kyle Mooney.

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